Um estudo de oito investigadores do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), do Hospital de Santo António e do Instituto de Saúde Pública foi distinguido com o prémio Tecnifar de Cefaleias. Para Carolina Lemos, uma das investigadoras, “é muito importante que os clínicos reconheçam o trabalho” efectuado. O reconhecimento funciona, assim, como “um incentivo para se continuar” com as investigações.

Os investigadores já estudam doentes com enxaquecas “há cerca de dez anos”, pelo que
num trabalho anterior “já se tinha percebido a influência da componente genética e familiar nas enxaquecas”, revela a investigadora. Seguindo o rasto dessa conclusão, os autores procuraram, desta vez, “quais são esses genes” que causam a doença.

Prémio Tecnifar de Cefaleias

Esta distinção é feita anualmente aos três melhores trabalhos apresentados nas reuniões da Sociedade Portuguesa de Cefaleias (SPC). O prémio é atribuído pela farmacêutica Tecnifar e pela Sociedade Portuguesa de Cefaleias.

O trabalho premiado pela SPC, centra-se na relação entre o gene “EDNRA” e a manifestação de enxaquecas. A partir da comparação entre 190 doentes portugueses e um grupo controlo de 287 indivíduos sem enxaqueca, a equipa percebeu que o gene se manifesta com mais frequência nos doentes.

Segundo revelou Carolina Lemos, o gene já tinha sido estudado por outros grupos estrangeiros, sendo que as conclusões a que agora chegaram “vêm confirmar algumas coisas já encontradas”, mas agora relacionadas com a população portuguesa.

Para a autora do trabalho, “estas investigações são de grande importância” no tratamento da cefaleia. As descobertas do grupo de investigadores permitem, segundo explica, “avançar em termos de farmacogenómica e com uma melhor terapêutica”.

O passo seguinte é, refere Carolina Lemos, “tentar perceber o porquê destas variantes levarem a um aumento da susceptibilidade à enxaqueca”. A investigadora, fez, no entanto, questão de salientar que a enxaqueca é uma “doença multifactorial”. Outros factores como a alimentação, alterações de sono ou questões ambientais aumentam, também, a predisposição para esta doença.