O natal parecia arruinado. Marge gastou as poupanças da família a remover a tatuagem de Bart e Homer, que tinha começado a trabalhar na loja do Pai Natal para juntar mais dinheiro, apostou tudo numa corrida de cães. Mas pai e filho acabam por salvar a festividade ao adotar um galgo perdido, a que chamam Ajudante do Pai Natal.
“Simpsomania”
A série que, em 2007, deu origem a um filme, The Simpsons Movie, tem uma legião de fãs espalhada por todo o mundo que imita expressões, cortes de cabelo e atitudes. Um desses exemplos é a recriação da abertura da série. O merchandising vai desde DVD’s e videojogos a bonecos e roupa. Algumas escolas chegaram a proibir os alunos de usarem t-shirts com frases de Bart Simpson por considerarem a personagem uma má influencia para os estudantes. A expressão “D’oh”, de tão repetida, integra já o Oxford English Dictionary.
A 17 de dezembro de 1989, o primeiro episódio da “sitcom” de animação norte-americana The Simpsons (Simpsons Roasting an Open Fire), criada por Matt Groening e James L. Brooks, foi assim. Hoje, passados 25 anos, pois a série começou sob a forma de curtas-metragens para o programa The Tracey Ullman Show dois anos antes, as histórias da família amarela mais famosa do mundo multiplicam-se.
Groening, cansado do “lixo televisivo” dos anos 80 nos EUA, apostou numa série que representasse uma sátira ao estilo de vida de uma família norte-americana de classe média, inspirando-se na disfuncionalidade da sua própria família, cujos nomes batizaram as personagens. Uma aposta claramente ganha, a avaliar pelo sucesso mundial de The Simpsons, classificada pela revista Times, no final de 1999, como a melhor série do século XX.
A família disfuncional que conquistou o mundo
Homer, o pai, trabalha como inspetor de segurança na Central Nuclear de Springfield (embora esteja constantemente a mudar de emprego), adora donuts e cerveja, esquece-se dos aniversários, mastiga com a boca aberta, mas adora a família. Marge, a mãe, é a tradicional dona de casa preocupada, cuja única extravagância é altura do seu cabelo azul. A sua tranquilidade, contudo, não passou despercebida à revista Playboy, tendo sido o primeiro desenho animado “convidado” a posar para uma capa. Bart, de dez anos, é o filho mais velho. Rebelde e incompreendido, é sempre apanhado em sarilhos, embora um dos seus lemas seja: “Se fizer alguma coisa errada e ninguém me apanhar, isso faz de mim bom?”. Lisa tem oito anos e é a menina prodígio do clã Simpson. É boa aluna, toca saxofone e preocupa-se com o bem da humanidade. Maggie é a bebé cujo momento alto da sua existência foi a primeira palavra, “pai”. Ao núcleo familiar, juntam-se o cão, “Ajudante de Pai Natal”, e o Gato, “Bola de Neve II”, e centenas de outras personagens, de donos de café mal-dispostos, a vizinhos religiosos e palhaços lunáticos, que fazem as delicias de várias gerações.
Para dar vida a esta família e a toda a cidade de Springfield, cuja verdadeira localização, apesar das inúmeras confirmações e desmentidos, ainda é desconhecida, é precisa uma vasta equipa. Matt Groening e James L. Brooks, além de produtores executivos, acumulam a função de consultores criativos. Na primeira temporada, constavam como escritores mais de dezasseis pessoas, que uniam piadas ao enredo de cada episódio, que demora cerca de seis meses a ser produzido. Algumas personalidades mediáticas são, pontualmente, convidadas a participar no guião da série. Nomes como Conan O’Brien, Ricky Gervais e Seth Rogen figuram nessa lista.
As vozes assumem também um papel preponderante na construção da série. A equipa residente é constituída por seis elementos. A dobragem de expressões como “D’oh” de Homer Simpson, custa, atualmente, à série, 360 mil dólares por episódio a cada profissional.
Episódios especiais
Com 504 episódios, de cerca de 30 minutos de duração, distribuídos por 23 temporadas, exibidos na FOX Broadcasting Company, The Simpsons é uma das séries mais lucrativas dos Estados Unidos da América, tendo arrecadado o recorde do Guiness para a comédia de animação há mais tempo em antena no horário nobre. Além desta distinção, já amealhou 27 Emmy, 26 Annie Awards e uma estrela no passeio da fama em Hollywood.
The Simpsons é, igualmente, recordista dos convidados especiais numa série televisiva. Entre eles destacam-se o “beatle” Paul McCartney, Simon Cowell, jurado do programa American Idol, Elton John, Rolling Stones e Amy Whinehouse. Mas personalidades como J. K. Rowling, escritora de Harry Potter, ou a Rainha Isabel II do Reino Unido também têm algo a dizer à família de Springfield. Julian Assange, criador da Wikileaks, protagonizou o episódio n.º 500 e Lady Gaga deverá marcar presença na primavera, no episódio “Lisa Goes Gaga”, dando voz à sua personagem.
A nível nacional, Cristiano Ronaldo foi o português que visitou a casa de The Simpsons, debatendo-se num duelo “Homer vs Ronaldo”, a propósito de um anúncio da Nike, no âmbito do Mundial de Futebol 2010.