O terceiro dia de um dos eventos mais importantes da moda em Portugal foi recheado de boas propostas para o próximo verão de 2013. Desde os nacionais Alves/Gonçalves, Diogo Miranda e Felipe Oliveira Baptista, ao norte-americano e estreante, Michael Bastian, eleito melhor designer masculino pelo CFDA.

Alves/Gonçalves

Na penúltima noite do Portugal Fashion, a inauguração da “passerelle” ficou a cabo de Alves/Gonçalves, que regressa ao Porto depois de se ter apresentado em Lisboa na edição anterior. Na sua coleção mais minimalista até à data, a dupla propõe um verão inteiramente preto e branco, onde as linhas se simplificam ao máximo, e os pequenos detalhes saem à vista. Os cortes reveladores, os decotes e as transparências nos tecidos, imprimem uma sensualidade crua e intimista a peças simples, que de outra forma não seriam reveladoras. A sobreposição de tecidos leves e transparentes, com materiais mais rígidos e estruturas, marcou o ritmo, numa coleção que, em tempos de crise, provou que menos pode ser mais.

Diogo Miranda

Para a próxima estação, Diogo Miranda propôs a aliar o “desportivo”, ao “couture” e ao “fetiche”. Partindo de materiais luxuosos e decadentes, como as sedas e as rendas e o vinil, o designer desconstruiu as habituais peças sedutoras, e transferiu-as para o quotidiano feminino. As silhuetas foram alternando, entre linhas muito justas e moldadas ao corpo, e outras mais suaves e descontraídas, sempre com um toque desportivo e confortável. O verde água, o azul e o coral destacaram-se numa base de tons mais neutros, criando uma mulher urbana, poderosa e dominadora, numa coleção que fica marcada pelo forte apelo ao erotismo.

Felipe Oliveira Baptista

Quem também regressou ao Porto nesta edição, depois de uma passagem por Lisboa, foi Felipe Oliveira Baptista. O designer português mais internacional da atualidade, trouxe ao público da Alfandega a coleção “Master os Ceremony”, que havia apresentado no mês passado na semana da moda de Paris. Inspirado na cultura urbana do hip-hop e do graffiti, o açoriano fugiu a clichés, e bebeu a irreverência, espontaneidade e preocupações sociais destes movimentos. O resultado foi uma coleção que lhe permitiu dissecar, transformar e voltar a juntar alguns dos seus clássicos num estilo pessoal e único. As proporções masculinas, a dualidade entre tecidos leves e agressivos, as formas assimétricas a revelar rasgos de pele inesperados e os padrões multicoloridos a lembrar o camuflado criam um caos controlado, que se torna numa espécie de uniforme do século XXI que permite à mulher citadina vencer a ruas e conquistar o mundo.

Michael Bastian

E se a noite foi de regressos, também o foi de estreias. Michale Bastian, vencedor em 2011 do mais alto galardão americano para o design de moda masculino, estreou-se frente ao público europeu, depois de ter transferido a produção da sua linha para Portugal nas últimas três estações. E o tema para esta estreia não podia ser mais americano – uma piscina, numa casa de praia em Fire Island, no apogeu do disco dos anos 70. Rosas, azuis, verdes e alfazemas foram pensados para fazer sobressair os bronzeados, numa colecção que não teve receio de mostrar a pele. Os calções são curtos, as camisas vêm abertas e os decotes das t-shirts pronunciados. Numa estação em que se quis distanciar do “preppy” americano, Bastian trouxe-nos uma coleção com uma forte carga sexual, provando que o erotismo está na base cultural do “american way of life”.

No último dia, como já é habitual, vão estar presentes na “passerelle” principal, Industry, Shoes, Carlos Gil, Vicri, Meam by Ricardo Preto, Lion of Porches, Luís Onofre, Dielmare, um dos momentos mais aguardados do evento: Fátima Lopes. Em simultâneo, na sala nascente da Alfândega, o Espaço Bloom recebe as escolas de moda ESAD, Árvore e EMP, assim como os jovens designers Jordann Santos, Cláudia Garrido, Teresa Abrunhosa, Klar e Joana Ferreira.