As eleições dos estudantes que vão representar os seus pares no Conselho Geral da Universidade do Porto (UP) tem lugar esta segunda-feira. Os representantes dos estudantes são escolhidos, por sufrágio direto e universal, para um mandato de dois anos. O JPN passou esta manhã por quatro das 14 faculdades da UP – todas com mesas de voto instaladas – para saber o que os alunos sabem sobre o conselho.
Um pouco por toda a academia, são poucos os que conhecem os poderes do órgão. O Conselho Geral decide sobre questões como o valor das propinas, a nomeação do Gabinete da Provedoria da universidade ou a escolha do Reitor.
Henrique Vieira, estudante do segundo ano do Mestrado Integrado da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), tinha conhecimento das eleições: “Sabia que iam ser hoje, um amigo disse-me, mas não sei ao certo do que é que se trata”. Para o estudante, existe não só uma falta de divulgação de informação, como também um desinteresse da comunidade estudantil: “90% dos alunos não devem estar atentos à informação. Também temos culpa nesse aspeto”, assume.
A falta de informação sobre as questões académicas é corroborada por David Campos, aluno do segundo ano da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP): “Sem dúvida que há uma má divulgação. Calculo que haja um cartaz ou dois por aí, mas ninguém repara neles. A divulgação mais eficaz foi feita boca-a-boca, até devem ter mandado por email, mas eu não vi”, revela ao JPN.
Ainda que soubesse do ato eleitoral, David não vai votar por “desconhecimento das listas”. Enquanto estudante da área das ciências, considera que “provavelmente os alunos que estarão mais interessados em pertencer ao conselho, situam-se em cursos que envolvem política ou economia”. “Se calhar também há alunos que gostariam de participar e saber mais, e que não têm acesso à forma como funciona a universidade”, remata.
Na entrada da Faculdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP) o caso repete-se. Ana Fernandes, aluna do segundo ano de Direito, garante que não vai votar, mas defende que “os estudantes podem ter uma participação mais ativa, podendo divulgar mais cedo o ato eleitoral.” A aluna confessa: “Eu só soube hoje, portanto, nem sequer sabia da existência das eleições”.
A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) mostra uma situação diferente. Marcelo Queirós, aluno do primeiro ano de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, afirma que na instituição houve uma boa difusão: “Sabia que ia haver eleições. Fomos todos informados via webmail”. No entanto, reconhece que não vai exercer o direito ao voto: “Não estou por dentro do assunto, aliás, duvido que alguém do meu ano esteja”, conta ao JPN. Sobre o papel da Associação de Estudantes, não aponta críticas: “A AEFEUP fez um trabalho que consideraria normal”. O desinteresse naquilo que é o conselho “parte sobretudo dos alunos”. Para Marcelo, “publicitaram o necessário, colocaram cartazes e mandaram emails.” Contudo, o estudante não sabe para que serve o órgão: “Não estou informado acerca do assunto”.
Quem deve promover estas informações?
As associações de estudantes “não podem fazer muito, mas se calhar a UP pode”, na opinião de Marcelo Silva, membro da AEFCUP e representante nas mesas de voto. Há dois anos, registou 50 votos num dia, e em poucas horas “apenas sete ou oito”. Consciente da importância que o papel dos alunos tem para definir o futuro da universidade, Marcelo afirma que os estudantes “não sabem quais os objetivos do conselho”, caso contrário “o número de votos seria superior”.
Para Pedro Azevedo, membro da direção da AEFDUP – onde à hora de almoço tinham votado cerca de 20 pessoas – o contacto com as questões administrativas chegou quando se juntou à associação. No entanto, o papel do Conselho Geral deveria ser conhecido dos estudantes, mas sem esquecer a importância que a universidade tem na divulgação: “É um órgão de representação dos estudantes e, no fundo, não tem a devida projeção junto do seu público”.
José Rodrigues, vice-presidente da AEFEUP, reconhece a necessidade da UP divulgar estas questões, mas acredita que “foi feito um excelente trabalho por parte de algumas das listas que estão a concorrer”, esperando que “a campanha realizada pelos candidatos se reflita nos resultados”. O estudante do quinto ano de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores deixa também um aviso: “Se votarem em pessoas que não são competentes para o cargo, correm alguns riscos como o aumento das propinas, o desporto menos forte, um Reitor mal escolhido e não terem uma boa representatividade dos estudantes”.
Na FEUP, que é a maior faculdade da UP, com cerca de 7 mil estudantes, o JPN registou o maior número de votantes entre os locais visitados: a volta de 200. Já na FAUP, no início da manhã, os números eram tímidos: “meia dúzia” de estudantes tinha exercido o seu direito.
O ato eleitoral arrancou às 10h00 e prolonga-se até ás 20h00 desta segunda-feira. As mesas de voto encontram-se em todas as faculdades da Universidade do Porto.