Os trabalhadores da Infraestruturas de Portugal estão em greve, esta segunda-feira, para reclamar aumentos salariais de cerca de 4%. A Fectrans – Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações estima, ao JPN, que foram suprimidos três quartos dos comboios da CP com circulação prevista entre as 00h00 e as 08h00.
“Apenas os funcionários que receberam cartas para cumprirem os serviços mínimos” estão a cumprir funções, garantiu a organização sindical.
Os serviços mínimos definidos preveem 25% da circulação de comboios em horário normal e nos serviços Alfa, Intercidades e Internacionais mas, segundo a mesma fonte, alguns destes comboios podem não circular.
Os comboios regionais e intercidades são os mais afetados e a Fectrans considera que os urbanos não têm capacidade de escoar a procura.
O JPN tentou, sem sucesso, contactar a CP-Comboios de Portugal. De acordo com os dados que uma fonte da CP avançou à Lusa, foram suprimidos mais de 100 comboios durante o turno noturno. “Num dia normal teriam circulado, até às 08h00, 266 comboios, mas devido à greve da Infraestruturas de Portugal realizaram-se 110 em todo o país”, adiantou a mesma fonte.
Muitos à espera em Campanhã
Na Estação de Campanhã, desde cedo que dezenas de pessoas estão de olhos fixos nos ecrãs informativos. Quase todos os comboios foram suprimidos e muita gente não sabe como nem quando vai chegar ao seu destino.
André Fonseca espera desde as 10h00 para ir para Aveiro. “Tenho aulas às 14h00 e, segundo as listas que a CP disponibilizou, o comboio que posso apanhar mais cedo é às 13h00 e ainda não sei se não será suprimido esse também”, contou o estudante ao JPN.
Catarina Carreiras também quer ir para Aveiro. “O único comboio urbano que ia para Aveiro era às 9h00 e agora já só há um intercidades à uma da tarde, e a nível de preço é uma discrepância enorme”, sublinou ao JPN.
Por volta das 09h30 da manhã, os poucos comboios que circulavam, circulavam com atrasos superiores a 10 minutos. Uns sentados, outros encostados às paredes, são também muitos os que esperavam por quem tardava a chegar.
“Ao fim do mês pagamos o passe e não somos servidos”, queixa-se Maria José Matos, que não conseguiu embarcar no comboio com destino a Caíde, para ir trabalhar.
Pedro Ferreira chegou este domingo à noite do Luxemburgo e teve de passar a noite num hotel perto da estação de Campanhã porque os comboios para Aveiro tinham sido todos suprimidos. “Não estou à espera de qualquer reembolso”, afirma.
Para os clientes que tenham bilhetes adquiridos para viajar em comboios dos serviços Alfa Pendular, Intercidades e Regional que não se realizem devido à greve, a CP informou que vai permitir o reembolso do valor total ou a revalidação para outro dia ou comboio.
Artigo editado por Filipa Silva