O Conselho dos Ministros do Governo anunciou, no dia 13 de março, a previsão de reabertura dos cinemas, teatros, auditórios e salas de espetáculos para o dia 19 de abril. Os equipamentos culturais estão abertos até às 22 horas, durante a semana, e aos fins de semana e feriados encerram às 13 horas.

O JPN entrou em contato com os representantes de alguns dos principais espaços culturais da cidade do Porto, para tentar perceber melhor como o desconfinamento vai decorrer e as expetativas e os desafios da reabertura ao público.

Cinema Trindade

Como já era de esperar, com os horários de encerramento pré-estabelecidos, as salas de cinemas sentem o peso da restrição ao setor. Américo Santos, diretor do Cinema Trindade, destaca que os fins de semana, em grande maioria, são de maior afluência do público às salas de cinema. seja por questões laborais ou outras. “É fundamental que pudéssemos funcionar com horários normais aos fins de semana e esse encerramento às 13 horas limita muito o funcionamento do cinema”, afirma o responsável do Trindade.

No que toca às medidas de segurança, Américo Santos considera as regras definidas pela Direção-Geral da Saúde “suficientes e claras“, não sendo necessária a aplicação de medidas além das que já foram impostas, evidenciando a preocupação de “que a ida ao cinema é segura, desde que sejam cumpridas as regras”.

O diretor anuncia que, nos próximos dias, será divulgada a programação do Cinema Trindade desde a abertura no dia 19 até o fim do mês de abril. O cartaz vai incluir estreias de filmes nomeados para os Óscares 2021.

As expectativas para o verão são ainda maiores, apesar de ser uma altura pouco tradicional para a afluência nos cinemas. O responsável do Trindade acredita que esta projeção positiva justifica-se, por haver “um desejo enorme das pessoas voltarem ao cinema, a sala de cinema concretamente, portanto penso que é uma fórmula que vai resultar”.

Coliseu do Porto Ageas

As medidas do Governo não surpreenderam a equipa do Coliseu do Porto Ageas, tendo em conta que o funcionamento no final de 2020 decorreu nos mesmos moldes. No entanto, Mónica Guerreiro, diretora do Coliseu, assume ao JPN ter “esperança que esta é uma fase transitória e logo, rapidamente, em maio possamos ter um aligeiramento destas restrições”.

Apesar de segunda-feira não ser uma data típica para espetáculos, a responsável pelo Coliseu do Porto Ageas afirma que a reabertura vai ocorrer no dia 19 de abril, de forma a “assinalar a nossa abertura precisamente no próprio dia que isso é possível. Vamos dar sinal ao público que estamos prontos para trabalhar”.

Lugares marcados, circuitos de circulação, redução da lotação dos espaços e o distanciamento social são algumas das indicações da DGS. Também existem normas facultativas, como é o caso da não realização de intervalos, prática já definida pelo Coliseu do Porto Ageas neste período pandémico.

Outra medida que a diretora ressaltou ao JPN é a possibilidade de grupos formados por até seis elementos de um agregado familiar sentarem-se juntos, de modo a garantir “que a vinda ao Coliseu seja memorável, marcante e o máximo possível confortável e descontraída“.

Teatro Nacional São João

De acordo com a comunicação do TNSJ, o regresso previsto para o dia 19 de abril só vai acontecer para o Teatro Carlos Alberto e o Mosteiro de São Bento da Vitória, visto que o edifício do TNSJ vai entrar em obras no final de março.

Em entrevista ao JPN o diretor artístico do TNSJ, Nuno Cardoso, apontou que, apesar de não serem os horários ideais, tratam-se de um “compromisso possível para que as pessoas possam usufruir da vida fora de casa”.

Segundo o diretor, o teatro apresenta um plano de funcionamento e “acolhimento para o seu público de modo que o teatro seja um espaço seguro em que as pessoas possam sentir protegidas”, apresentando uma programação que pode ser adaptada conforme seja necessário.

As condições de segurança do espaço decorrem além das condições da DGS, estendendo-se para um certificado europeu de segurança. O diretor do TNSJ enfatiza que “o teatro desde a primeira reabertura que tem um plano de desconfinamento bastante estrito e bastante exaustivo, seja no âmbito de acolhimento de público seja na forma que imagina seus trajetos, na forma como desinfeta as salas, tudo isso é feito de uma forma bastante exaustiva”.

Todos os entrevistados destacaram que, apesar das incertezas dentro do setor da cultura, como também na população, de maneira global, continuam otimistas que esta seja uma fase de retorno, capaz de garantir o acesso à Cultura de forma segura, cumprindo as medidas de seguranças necessárias.

Artigo editado por João Malheiro