“Gente que voa” é uma exposição de fotografia da autoria do jornalista Pedro Mesquita. Até 8 de agosto, o Centro Português de Fotografia, no Porto, acolhe um conjunto de 30 imagens que mostram pessoas instantaneamente livres. É a terceira exposição do autor neste espaço.

Mesquita explica que os protagonistas das fotografias estão, na sua maioria, a saltar (literalmente). Pessoas que, como descreve o texto de apresentação da exposição, “enfrentam a vida com asas, em momentos irrepetíveis”.

Gente que está a “voar de alguma forma” – como acontece na imagem escolhida para o cartaz da exposição. Essa fotografia mostra o encontro entre dois técnicos, no cimo da Ponte 25 de Abril, em Lisboa. “Parecem duas pessoas que sonham; parece um encontro quase de namorados, lá em cima, numa ponte, sem olhar à volta, sem medo”, descreve o fotógrafo.

A Ponte de 25 de Abril é, aliás, o foco central de uma outra exposição que tem preparada e que gostava de poder apresentar em Lisboa, confessa ao JPN.

A fotografia “Encontros Improváveis”, o cartaz da exposição. Foto: Verónica Romano

Todas as imagens expostas são a preto e branco. Nenhuma delas foge a um fundo escuro, para mostrar que, por mais que o ambiente envolvente esteja carregado, “há pessoas que são capazes de voar”, esclarece Pedro Mesquita.

Através desta metáfora, o autor da mostra pretende transmitir esperança aos visitantes, na fase de desconfinamento que o mundo atravessa. Para além disso, Mesquita achou que “era capaz de saber bem às pessoas ver gente sem máscara”.

As imagens foram capturadas nos últimos 12 anos e em diversos locais do globo, desde a Polónia a Cabo Verde. Efetivamente, as pessoas tanto saltam agora – como acontece com os meninos que se atiram para o rio na Ribeira – como saltavam há uns anos atrás, e “voam em todo o lado”, conclui.

A exposição é composta por 30 fotografias. Foto: Verónica Romano

Apaixonado pelas pessoas

Pedro Mesquita é jornalista na rádio há 32 anos. A dada altura, sentiu que a profissão não o preenchia por completo. Foi quando descobriu a paixão pela fotografia e ficou encantado: “comecei a levantar-me às 4h da manhã para fotografar, ou estava até às 2h da manhã a fazê-lo”, confessa. Para o autor da exposição, a fotografia é “um escape”. Um lugar onde encontra a mesma sensação de “liberdade completa” que lhe proporcionou o salto de paraquedas documentado no painel de entrada da exposição.

“As pessoas são o que me inspira mais”, revela. O fotógrafo afirma que conhece quase todas as pessoas que fotografa, uma vez que, antes ou depois de capturar as imagens, conversa com elas. Adora estes momentos de partilha e interação com o outro, que também acontecem durante o seu trabalho como jornalista.

Na fotografia, Mesquita não gosta de se limitar, nem de limitar o público. Desta forma, nunca legenda as imagens que expõe. Apenas dá “algumas orientações através do texto na entrada” da mostra, pois pretende que cada visitante faça a sua própria interpretação, que “é rigorosamente tão válida quanto a minha”, considera o autor.

A última fotografia da exposição convida os visitantes a levantarem voo, juntamente com o fotógrafo, como se fossem “pássaros no ar”, com alguém a olhar para cima, para eles.

O fim da mostra. Foto: Verónica Romano

Inaugurada a 5 de junho, “Gente que voa” pode ser vista até 8 de agosto no Centro Português de Fotografia. A entrada é gratuita.

Artigo editado por Filipa Silva