A aplicação restabelece a presença do ex-presidente nas redes sociais, depois de ter tido os seus perfis bloqueados nas principais plataformas, acusado de incitar violência através das suas contas.

A nomeação de Donald Trump está cada vez mais próxima

“Truth Social”, nova rede social de Donald Trump, estreou este domingo. Foto: Gage Skidmore/Flickr

Às vésperas do feriado americano do Dia dos Presidentes, Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos da América (EUA) deu início, na noite de domingo (20), ao lançamento progressivo da sua própria rede social – “Truth Social” . A aplicação ainda roda em versão teste com limites de inscrições e deve estar totalmente operacional até março. Dessa maneira, horas após a estreia, a plataforma apresentou instabilidade e usuários relataram uma longa lista de espera.

Ainda na semana passada, o filho mais velho de Trump anunciou na sua conta do Twitter que o primeiro post da nova rede social já tinha sido publicado e declarou que é “tempo para algumas verdades”.

A “Truth Social” – Verdade Social, em inglês – foi anunciada pelo ex-presidente dos EUA como uma alternativa ao Facebook e Twitter – plataformas em que Trump foi banido indefinidamente por ter sido acusado de incitar violência através das suas contas. A nova aplicação afirma ser, então, uma “ferramenta que incentiva a pluralidade de ideologias políticas” e promete “proteger os direitos à liberdade de expressão”.

“Embora nem sempre concordemos uns com os outros, congratulamo-nos com as opiniões variadas e a conversa robusta que elas trazem”, lê-se na descrição da rede social na App Store. “Somos uma plataforma de media social livre de discriminação política. Junte-se a nós e partilhe, comunique-se e divirta-se”, refere-se.

Em entrevista à “Fox Business”, Jason Miller, ex-assessor de Trump, disse que este “é o pior período de censura política da história americana” e afirmou que 25% dos apoiantes do antigo presidente deixaram de usar as redes sociais depois de Donald Trump ter sido banido das plataformas no ano passado.

“Nós não votamos em Zuckerberg [dono do Facebook], nós não votamos em Dorsey [dono do Twitter]. Por que são eles que decidem quais são os nossos direitos de liberdade de expressão?”, questiona Miller. “Nós precisamos tirar o poder da oligarquia das grandes plataformas. Quanto mais empresas, melhor. Vamos dar voz ao povo de novo”.

Sobre a queda inédita do número de utilizadores do Facebook no início de fevereiro, Trump afirmou que os utilizadores estão insatisfeitos com as fake news e cansados dos abusos e travessuras políticas. O ex-presidente também apontou a “Truth” como motivadora da diminuição de contas na plataforma de Zuckerberg.

A “Truth Social” possibilita ao utilizador criar um perfil, a partir do qual é possível seguir e ser seguido. A rede contém, ainda, o “Truth Feed”, mural de publicações na página principal, que aloja as últimas publicações, que podem surgirem formato de texto, vídeo ou foto. Todavia, a função de edição de publicações – ferramenta desejada por muitos usuários do Twitter – ainda não está disponível.

O exílio de Trump das redes sociais

Na sequência da invasão ao Capitólio em janeiro de 2021 – poucos dias antes da posse do atual presidente, Joe Biden –, Donald Trump expressou apoio aos manifestantes e suas ideias nas suas redes sociais. No Facebook, Trump publicou vídeos que deslegitimavam os resultados da eleição; no Twitter, escreveu:

“Os 75 milhões de grandes patriotas americanos que votaram em mim, nos ESTADOS UNIDOS PRIMEIRO e em TORNAR OS ESTADOS UNIDOS GRANDES OUTRA VEZ, terão uma VOZ GIGANTE por muito tempo no futuro. Eles não serão desrespeitados ou tratados injustamente de nenhuma forma, seja como for!!!”

Como resposta, a plataforma divulgou, em comunicado oficial, que “após análise detalhada”, a conta de Trump seria suspensa permanentemente devido “ao risco de incitação à violência”. Afirmou ainda que, apesar da sua estrutura auxiliar na comunicação de líderes políticos com os cidadãos, “essas contas não estão totalmente acima de nossas regras e não podem usar o Twitter para incitar violência, entre outras coisas”.

Em resposta à ação do Twitter, Donald Trump Jr. tweetou em apoio ao pai.


Mark Zuckerberg, por sua vez, destacou num post no Facebook o facto de Trump “tolerar, ao invés de condenar” as ações dos seus apoiantes, o que inquietou tanto os americanos, como o resto do mundo. Além disso, assegurou que foram retiradas do ar as declarações feitas pelo ex-presidente pois “julgamos que o seu efeito – e provavelmente a sua intenção – seria provocar mais violência”.


Artigo editado por Tiago Serra Cunha