Na sequência das negociações desta terça-feira, em Istambul, o vice-ministro da Defesa russo admitiu “reduzir radicalmente” a atividade militar nas regiões de Kiev e Chernihiv para criar condições para futuras negociações e atingir o objetivo de chegar a acordo.

As comitivas russa e ucraniana reuniram na Turquia presencialmente esta terça-feira, a primeira vez desde o dia 10 de março. Foto: Reuters

Teve lugar, esta terça-feira (29) mais uma ronda de negociações de paz entre russos e ucranianos, num palácio em Istambul, na Turquia. Da reunião resultou a promessa russa de reduzir a ofensiva militar nas zonas das cidades de Kiev e Chernihiv, no norte da Ucrânia. A comitiva ucraniana propôs adotar um estatuto de neutralidade mas com garantias de de proteção internacional em caso de ataque.

Numa declaração pública aos jornalistas, Alexander Fomin, vice-ministro da Defesa da Rússia, citado pela Reuters, explicou que “a fim de aumentar a confiança mútua e criar as condições necessárias para futuras negociações e atingir o objetivo final de chegar e assinar [um] acordo” se havia decidido “reduzir radicalmente” a atividade militar dirigida às duas regiões. O vice-ministro acrescentou que os pormenores acerca da decisão seriam revelados assim que a comitiva russa voltasse a Moscovo.

Do outro lado, os representantes ucranianos propuseram a adoção de um estatuto de neutralidade, desde que com garantias internacionais de segurança. Esta neutralidade, na prática, significa que a Ucrânia não se juntará à NATO ou a outras alianças semelhantes, e não hospedará bases de tropas estrangeiras. No entanto, a sua segurança ficaria garantida em termos semelhantes aos do 5.º artigo da NATO.

“As Partes concordam em que um ataque armado contra uma ou várias delas na Europa ou na América do Norte será considerado um ataque a todas, e, consequentemente, concordam em que, se um tal ataque armado se verificar, cada uma, no exercício do direito de legítima defesa, individual ou coletiva, reconhecido pelo artigo 51.° da Carta dias Nações Unidas, prestará assistência à Parte ou Partes assim atacadas, praticando sem demora, individualmente e de acordo com as restantes Partes, a ação que considerar necessária, inclusive o emprego da força armada, para restaurar e garantir a segurança na região do Atlântico Norte”.

– 5.º artigo da NATO

As propostas da Ucrânia contemplam também um período de consulta de 15 anos sobre o estado da Crimeia. No entanto, este só entraria em vigor na eventualidade de um completo cessar-fogo.

Vladimir Medinsky, um dos principais negociadores russos, afirmou que, depois de analisar as propostas ucranianas, as faria chegar a Putin. Já os negociadores ucranianos apelaram a uma reunião entre os presidentes dos dois países. Oleksander Chaly, negociador ucraniano, declarou ainda que, caso se cumpram as propostas apresentadas, a Ucrânia poderá “fixar” uma “neutralidade permanente”.

A reunião desta terça-feira foi a primeira em que as comitivas ucranianas e russas estiveram reunidas presencialmente desde o dia 10 de março.

Artigo editado por Tiago Serra Cunha