Na noite desta terça-feira (04), o Estádio do Dragão recebeu o duelo entre o FC Porto e o Bayer Leverkusen, uma partida com contornos decisivos para a equipa da casa.
Depois de duas derrotas nas duas jornadas inaugurais, os pupilos de Sérgio Conceição teriam de vencer para manter vivas as esperanças de passagem aos oitavos de final da competição.
E se a primeira parte esteve perto de deitar por terra as aspirações azuis e brancas, na segunda a equipa portuguesa superiorizou-se aos alemães e marcou dois golos sem resposta que lhe valeram os três pontos da partida e um lugar mais confortável no grupo B.
O técnico portista promoveu apenas uma alteração no onze que derrotou o Sp. Braga na passada sexta-feira: Rodrigo Conceição deu lugar a João Mário na lateral direita.
Já Gerardo Seoane montou a equipa num 4-2-3-1, habitual na Bundesliga, com três homens – Hudson-Odoi, Hlozek e Diaby – no apoio ao goleador checo, Patrik Schick.
Entrada em falso dos dragões
Na verdade, foram os visitantes que entraram melhor na partida, criando vários problemas à primeira linha de construção dos dragões, com uma pressão feroz e, muitas vezes, eficaz.
O FC Porto estava com dificuldades em sair a jogar de forma curta desde trás, o que forçava Diogo Costa a bater muitas vezes na frente com pontapés longos.
Com erros forçados e muitos passes falhados nos primeiros minutos do encontro por parte dos portistas, o Leverkusen foi ganhando confiança e construiu algumas ocasiões de perigo.
Aos 15 minutos, os alemães marcaram mesmo, por intermédio de Hudosn-Odoi, mas o árbitro foi chamado pelo VAR e anulou o golo, por falta sobre Pepê no início da jogada.
Era um aviso para o FC Porto, que conseguiu depois equilibrar o jogo a partir do momento em que se conseguiu soltar da pressão alemã.
Não obstante, os minutos finais do primeiro tempo foram uma autêntica montanha-russa de emoções para os mais de 42 mil espectadores presentes no Dragão.
Aos 43’, Taremi marcou, após assistência de Pepê, para delírio dos portistas. Porém, menos de um minuto depois, o golo azul e branco foi transformado numa grande penalidade para os alemães.
Após visionar as imagens, o árbitro descortinou uma mão na bola de David Carmo dentro da área portista, no início da jogada.
Se parecia que um golo caseiro se ia tornar num golo forasteiro, Diogo Costa contrariou as probabilidades, ao defender de forma exemplar o penálti de Schick.
O resultado, por incrível que pareça, era 0-0 ao intervalo, após dois golos anulados e um penálti falhado.
Suplentes de luxo resolveram a partida
Ao intervalo, dava a ideia de que o FC Porto estava a sentir a pressão de ter de vencer, pelo número invulgar de oportunidades que havia concedido ao adversário.
Na segunda metade, porém, essa ideia foi rapidamente refutada: uma
mudou por completo o jogo.
Taremi, Evanilson e Pepê formaram uma sociedade que conseguiu desmontar a defesa germânica em várias ocasiões.
No entanto, foi do banco de suplentes que o Porto foi buscar os três pontos: Zaidu entrou aos 63’ e, sete minutos mais tarde, marcou o primeiro golo da partida, provocando uma erupção na casa portista.
Galeno, que também tinha entrado, descobriu Taremi na direita e o iraniano, com uma precisão milimétrica, cruzou para o cabeceamento indefensável do lateral nigeriano.
Era um golo que já se adivinhava pelo domínio dos dragões, que corrigiram a entrada medíocre e não permitiram saídas perigosas ao Bayer na segunda parte.
Os lances de ataque continuavam, sobretudo pela grande exibição de Pepê, que deliciava os adeptos com lances e fintas vistosas.
O segundo golo apenas apareceu perto do fim, aos 87 minutos.
Toni Martinez recuperou a bola na frente e tocou para Taremi. O ponta de lança – que teve direito a um cântico especial aos 9 minutos, pela sua posição política relativa aos direitos das mulheres no Irão – lançou Galeno na profundidade.
O extremo brasileiro rematou para o fundo das redes e confirmou a vitória portista.
Ainda houve tempo para a expulsão de Frimpong a um minuto do fim, que falha assim a partida frente aos dragões na Alemanha.
Apito final, três pontos importantíssimos para o FC Porto na luta pelo acesso aos oitavos de final da Liga dos Campeões.
Os dragões ocupam agora o segundo lugar do grupo, em igualdade pontual com o adversário desta noite e com o Atlético de Madrid, que perdeu na Bélgica por 2-0. O surpreendente Club Brugge segue confortavelmente na liderança com 9 pontos somados.
Conceição: “Conseguimos criar dificuldades e expor algumas das fragilidades do nosso adversário”
Sérgio Conceição, em conferência de imprensa, admitiu que o FC Porto não teve uma boa entrada na partida e que cometeu vários erros: “Isto é um jogo de Liga dos Campeões. Queremos que o jogo todo seja como a segunda parte, mas nem sempre é possível. O adversário é muito competitivo, mas também é verdade que estávamos algo precipitados com e sem bola. Definimos mal a nossa zona de pressão.”
Porém, o treinador mostrou-se contente com a resposta da equipa na segunda parte: “Mudámos para melhor. Conseguimos criar dificuldades e expor algumas das fragilidades do nosso adversário.”
Seoane: “Estamos muito descontentes com o resultado”
Seoane, técnico do Leverkusen, falou da diferença do desempenho da equipa nas duas partes: “Na primeira parte, tivemos um excelente desempenho. Criámos boas situações e jogadas com qualidade e tivemos ocasiões para resolver o jogo. Na segunda parte, não conseguimos ter o mesmo tipo de desempenho e fizemos alguns erros. Estamos muito descontentes com o resultado”.
O suíço destacou também a parte emocional do jogo para explicar a derrota: “O desporto é assim. Não há duas partes iguais. Temos de tentar ser constantes. A parte emocional da equipa também é relevante. Se calhar, viu-se aqui alguma frustração, pelo facto de não conseguirmos aproveitar determinadas situações.”
Na próxima ronda europeia, as equipas defrontam-se novamente, desta vez na BayArena, em Leverkusen, no dia 12 de outubro.
Quanto ao campeonato, os dragões deslocam-se no próximo sábado (dia 8) a Portimão para medir forças com o Portimonense.
Artigo editado por Filipa Silva