Os protestos contra o governo do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, sentem-se pelas ruas do país – e já duram há dois meses. Esta quarta-feira (1), estradas bloqueadas, linhas ferroviárias interrompidas e marchas por várias cidades do país assinalaram o “Dia da Disrupção Nacional”, segundo o “The Times of Israel”.
Os manifestantes, que o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, define como “anarquistas”, contestam a lei proposta em janeiro. A reforma em questão concede maior poder judicial ao executivo, em matéria de seleção de juízes e diminuição de poderes do Supremo Tribunal. Na opinião dos ativistas, a medida constitui uma ameaça à democracia do país, explica a SIC Notícias.
Em Telavive, a tensão nas ruas fez as forças policiais reagirem com violência pela primeira vez, relata o “The Times of Israel”. A mesma fonte noticiou que o ministro da Segurança Nacional realizou um apelo à “tolerância zero” contra as ações dos manifestantes.
Com recurso a canhões de água, gás lacrimogéneo, granadas de atordoamento e agentes montados a cavalo, as autoridades procuraram dispersar a população envolvida. De acordo com o jornal “Observador“, a polícia deteve 39 manifestantes. Na sequência da intervenção policial, foram hospitalizadas 11 pessoas, completa o “The Times of Israel”. Vídeos partilhados pela Associação dos Direitos Civis em Israel, via Twitter, mostram atos de violência contra os civis. Sobre as imagens, a associação evidencia que “de acordo com a portaria policial de fevereiro de 2022: por regra, é proibido usar o joelho no pescoço” sublinhando que “são meios de força que não são ensinados na formação policial”.
ברך על צוואר: על פי הנחיית המשטרה מפברואר 2022: ככלל, אסור להשתמש בברך על צוואר. מדובר באמצעי כח שלא נלמד במסגרת ההכשרה המשטרתית >>>https://t.co/sjQBhyWhlR pic.twitter.com/IoBgpap4TI
— האגודה לזכויות האזרח (@acrionline) March 1, 2023
O Estado de Israel enfrenta uma crise política desde 2019 e vive regido por uma democracia parlamentar. Atualmente, o governo é gerido pelo partido Likud e por forças de extrema-direita, como o Otzma Yehudit e o Partido Sionista.
A oposição, liderada por Yair Lapid, reagiu aos episódios, expressando apoio aos protestantes e relembrando o direito à liberdade de expressão. As críticas de Lapid são maioritariamente dirigidas ao atual primeiro-ministro: “Netanyahu, a única anarquia aqui está a ser criada pelo governo que perdeu a capacidade de governar”, pode ler-se no Twitter.
Para os próximos dias já estão agendadas novas manifestações no país.
Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira