Assinalam-se hoje (segunda-feira) dez 10 anos de pontificado do Papa Francisco. A década fica marcada por uma aproximação com outras religiões e a abertura à discussão de temas considerados heréticos, como a homossexualidade. Contudo, aos avanços poucos significativos na participação das mulheres na vida eclesiástica, junta-se a persistência do problema dos abusos sexuais.
Os 10 anos de pontificado do Papa Francisco ficam marcados, entre outros temas, pelo diálogo inter-religioso. Foto: FlickrCC BY 2.0
Foi em 2013 que Jorge Mario Bergoglio foi consagrado o primeiro papa sul-americano, faz esta segunda-feira (13) precisamente 10 anos. A nomeação do sumo pontífice distinguiu-se das anteriores por não ter sido utilizado nenhum ornamento litúrgico. O Papa recusou-se também a viver no Palácio Apostólico, optando por residir num apartamento.
Francisco apresentou-se assim com espírito de abertura à mudança e o seu papado tem sido marcado pela abordagem a assuntos considerados “tabu” na Igreja Católica. Contudo, apesar de trazer a público vários temas, como o casamento gay, o uso de contracetivos e o aborto, nenhuma alteração foi institucionalizada.
Durante o seu pontificado, o Papa procurou aproximar-se da comunidade LGBTQ. Mais recentemente, à agência de notícias Associated Press, afirmou que “ser homossexual não é um crime” e que a existência de leis contra a homossexualidade é uma injustiça. Contudo, afirmou que a homossexualidade é um pecado – comentário, que posteriormente esclareceu. Segundo o sumo pontífice, qualquer ato sexual fora do casamento é visto pela Igreja Católica como pecado.
Pope Francis called on the Roman Catholic Church to welcome LGBTQ people and to do more to put an end to laws that criminalize homosexuality. “We are all God’s children,” he said. https://t.co/I6BHVjOWua pic.twitter.com/vSYSX6bdof
— The New York Times (@nytimes) January 25, 2023
O papel da mulher na instituição foi também abordado. Em abril 2020, determinou a criação de uma comissão para estudar a possibilidade das mulheres poderem ser ordenadas diaconisas. No entanto, ainda nada foi posto em prática. Relativamente ao aborto e a casais em segundas núpcias, nada mudou na doutrina, apenas foi feito um apelo ao acolhimento por parte dos padres.
A questão dos abusos sexuais e da pedofilia na Igreja Católica é outro problema que persiste e, atualmente, têm surgido uma série de acusações. Nesse sentido o Papa Francisco assumiu uma postura de “tolerância zero” ao abolir o sigilo pontifício, utilizado para ocultar casos, e fez apelos à denúncia.
Os 10 anos de pontificado foram também marcados pelo incentivo ao diálogo inter-religioso da Igreja Católica, nomeadamente com a religião islâmica com a visita ao Iraque em 2021. Além disso, em 2018, o Papa Francisco fez um acordo inédito com a China, relativo à nomeação de bispos. O acordo provisório foi assumido em Pequim e renovado em 2020.
Recentemente, depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, a 24 de fevereiro, o pontífice fez diversas declarações e apelos à paz.
Artigo editado por Miguel Marques Ribeiro