Apesar de ter descido esta quinta-feira de 2.º para 3.º lugar, o ciclista da Emirates beneficia do ambiente de alta montanha onde é particularmente competente. Henrique Queiroz, técnico do Bairrada Cycling Team, onde Almeida fez parte da sua formação, sublinha que o atleta sempre trabalhou para o sucesso, mas pede calma.

O português João Almeida procura o primeiro pódio da carreira. Foto: Giro d'Itália/Official Website

Esta quinta-feira (25), a 18.ª etapa do Giro de Itália voltou a disputar-se na alta montanha. Após dificuldades na última subida do dia, João Almeida (UAE Team Emirates) terminou a prova em nono lugar e acabou por ceder o segundo posto ao esloveno Primoz Roglic (Jumbo Visma). A camisola rosa continua a pertencer a Geraint Thomas (INEOS Grenadiers), com uma vantagem de 29 segundos sobre Roglic e de 39 segundos sobre o português.

Em declarações reproduzidas pelo jornal “A Bola”, o diretor-desportivo da UAE Team Emirates referiu que o ciclista português “não se tinha sentido bem desde o início”. O resultado “foi bom, mas não foi ótimo”, classificou. Contudo, o “objetivo continua a ser o pódio”, disse Mauro Gianetti. Sonhar com o primeiro lugar, mesmo com este contratempo, ainda é possível, reforçou o ex-ciclista.

Com a vitória na 16.ª etapa, obtida na terça-feira, João Almeida juntou-se a um lote muito restrito de atletas: tornou-se o terceiro ciclista português a alcançar uma vitória numa grande volta, colocando-se assim ao lado de dois grandes do ciclismo português, Joaquim Agostinho e Acácio da Silva. O atleta natural das Caldas da Rainha, que há um ano desistiu da prova por causa da Covid-19, está na luta para melhorar os dois resultados extraordinários que já conseguiu na Volta a Itália: foi 4.º classificado  em 2020 e 6.º em 2021.

Esta sexta-feira (26), está na estrada a 19.ª etapa, considerada uma das etapas-rainha do Giro. Com três classificações de montanha de primeira categoria, o itinerário liga Longarone a Tre Cime di Lavaredo, nas Dolomitas – cadeia montanhosa situada nos Alpes italianos – em 183 quilómetros que incluem mais de 5.400 metros de desnível acumulado positivo.

 

A alta montanha é o “ponto forte” de João Almeida

Henrique Queiroz, treinador do Bairrada Cycling Team, equipa onde João Almeida fez parte da sua formação, sublinha, ao JPN, que o atleta “sempre trabalhou para isso [o sucesso]” durante o tempo em que esteve no clube. Para o treinador, a UAE Team Emirates, formação da qual Almeida faz parte, é “a melhor [equipa] do mundo”, atualmente.

No que concerne às possibilidades de João Almeida no Giro, Henrique Queiroz considera que “se ele não tiver nenhum dia mau” o valor individual do ciclista português pode exercer um papel crucial, pelo que há grandes chances de ganhar a Volta a Itália. Até porque a alta montanha, acrescenta, é o seu “ponto forte”.

Apesar de confiante no título, que seria inédito, Henrique Queiroz pede calma, pois tudo pode acontecer. O especialista considera que “normalmente o João [Almeida]”, bem como outros ciclistas trepadores, tem maior facilidade na terceira e última semana da prova, aquela em que se encontra atualmente.

Depois do abandono do atual campeão do mundo de estrada, o belga Remco Evenpoel (Soudal-QuickStep), no final da primeira semana de corrida, por causa de um teste positivo à Covid-19, e quando o belga liderava a geral individual, aumentaram as hipóteses de vitória para o trio de contendores que se seguiam: o britânico Geraint Thomas (vencedor do Tour de 2018), o esloveno Primoz Roglic (vencedor de três Voltas a Espanha) e o português João Almeida.

Nesta altura, quando falta terminar uma prova de alta montanha, esta sexta-feira, o pódio parece definido (Edward Dunbar, 4.º, está a 3 minutos do terceiro, Almeida), mas ainda há muito em aberto. Além da jornada dura de hoje, só amanhã, sábado, se fecham as contas depois de um contra-relógio individual que é curto, mas muito duro no final: são 18,6 quilómetros que terminam com uma subida de 7,6 com uma pendente média de 11,3%. 

A 106.ª edição da competição de ciclismo de estrada por etapas, mundialmente famosa, arrancou na cidade de Fossacesia, a 6 de maio, e termina no próximo domingo (28), na capital, Roma.

Juntamente com o Tour de France e a Volta a Espanha, o Giro da Itália completa as três principais e mais tradicionais provas do ciclismo a nível mundial.

Artigo editado por Miguel Marques Ribeiro