Entre 16 de 18 de junho, passam pelo Fórum Maia uma seleção de 20 convidados especializados na cultura pop. A entrada é gratuita e o certame inclui muitas atividades, que vão desde o lançamento e apresentação exclusivos de álbuns de banda desenhada até exposições, sessões de cinema de animação e um concurso de cosplay.

O Maia BD reúne tanto autores independentes e emergentes como outros com nome maior a nível nacional e internacional. Foto: Miika Laaksonen via Unsplash

De 16 a 18 de maio, o Fórum Maia abre as portas para a edição inaugural do Maia BD – Festival Internacional de Banda Desenhada. Com um vasto leque de atividades e convidados, a promessa é trazer ao Norte do país o melhor desta forma de arte, com vista a aferir “a sua importância e impacto na cultura popular”, avança a organização ao JPN. A entrada é livre e aberta a públicos de todas as idades.

Partindo da Câmara Municipal da Maia, através do pelouro da Cultura, a iniciativa conta com organização da cooperativa editorial “A Seita”, fundada em 2019. Para representar o melhor da “nona arte”, o evento vai reunir cerca de 20 autores – desde nomes ligados a obras mais populares e abrangentes até a autores independentes com um público mais especializado. A aposta principal é no talento português, mas inclui nomes do panorama internacional.

O objetivo é permitir aos visitantes o convívio simultâneo quer com a obra, quer com o artista. Entre os convidados está Filipe Melo, realizador da curta-metragem “Lobo Solitário”, incluída na shortlist para os Óscares, e autor do sucesso internacional de banda desenhada “Balada para Sophie”, traduzido já em seis línguas. Juntam-se, entre outros, André Lima Araújo, cuja arte tem viajado pelo mundo, tendo já trabalhado com a Marvel e conceituados argumentistas de banda desenhada (BD), como Matt Fraction ou Brian Michael Bendis; Luís Louro, ilustrador e autor de banda desenhada portuguesa, sendo exemplo a série “Jim del Mónaco”; e ainda Nuno Markl, argumentista, humorista e um nome incontornável do entretenimento português.

De além-fronteiras, surgem os nomes do desenhador franco-belga Georges Bess – que, durante anos, colaborou regularmente com Jean Giraud (artista de BD francês mais comummente conhecido pelo pseudónimo Moebius) e Alejandro Jodorowski (cineasta chileno-francês) -, e o colombiano Canizales, autor-ilustrador especializado no desenho infantil e com colaborações em Portugal, nomeadamente a adaptação ilustrada de “Os Maias”, publicada na Coleção de Clássicos da Literatura.

Ao longo dos três dias de programação, além de momentos de conversa com os especialistas, consta igualmente o lançamento e apresentação de álbuns de BD , exposições, sessões de cinema de animação e um concurso de cosplay orientado pela loja Aniplay, do Porto. Em destaque estão os lançamentos exclusivos, com presença dos autores, da adaptação a BD de “Frankenstein”, de Mary Shelley, pelo autor francês Georges Bess, e da obra “Umbigo do Mundo vol. 2: Regresso a Senabria”, da dupla Carlos Silva e Penim Loureiro. Mas há mais novidades: “As Aventuras Completas de Dog Mendonça e Pizzaboy”de Filipe Melo e Juan Cavia, e “O Corvo: Laços de Família”, de Nuno Markl e Luís Louro.

No contexto do certame salienta-se ainda “Juventude & etc.” de Marco Mendes, uma coletânea ilustrada de cariz autobiográfico. “Sem muletas explicativas”, recorrendo apenas à imagem, o autor quer induzir a “beleza da contemplação de uma juventude rica e bem vivida – igual a tantas outras – mas bem específica e original”, avança a organização em comunicado. A exposição tem entrada livre e estará patente até 22 de julho, na Biblioteca Municipal Doutor José Vieira de Carvalho – à segunda-feira das 18h00 às 23h00, de terça a sexta entre as 09h30 e as 23h00 e aos sábados das 09h30 às 22h30.

O evento vai ainda promover dois workshops orientados por autoras portuguesas, galardoadas no Amadora BD. Joana Afonso vai ensinar o que é preciso para a “Criação de Personagens – Do Vazio à Forma”, no sábado (17), enquanto Joana Mosi vai estar à frente de um “Atelier de Introdução à Banda Desenhada”, focado na planificação e criação da narrativa visual, no domingo (18). À semelhança do resto do evento são gratuitos, mas requerem pré-inscrição até 14 de junho, através do e-mail [email protected], com indicação do título do workshop em questão. As sessões estão limitadas a 20 participantes.

O programa do festival pode ser consultado na íntegra no site do município da Maia.

“Workshop Criação de Personagens” | 17 de junho

Duração: 2 horas
Participantes: Até 20 (sem idade mínima)
Os participantes devem levar os seus próprios materiais. Obrigatórios: papel, lápis e/ou caneta. Opcionais: borracha, tinta-da-china, lápis-de-cor, marcadores.

“Workshop de Introdução à Banda Desenhada” | 18 de junho

Duração: 2 horas
Participantes: mínimo 4, máximo 20 | Idade mínima: 13 anos.
Não é necessária experiência ou formação prévia em desenho e/ou banda desenhada. Os participantes devem levar os seus próprios materiais: papel de impressão/bloco de desenho e material de desenho genérico, mas variado (caneta, lápis, borracha, marcadores, etc).                

Trazer a banda desenhada de volta à ribalta nortenha 

“Nos anos mais recentes tem havido um forte movimento de apoio aos autores e à produção nacionais”, avança a organização ao JPN. De facto, pelo país e sobretudo no Sul, há várias iniciativas que promovem a banda desenhada e a ilustração, sendo disso exemplo o Amadora BD, a decorrer desde 1970 e promovido pelo município, ou o Festival Internacional de BD de Beja, que assinala este ano a sua 18.ª edição.

Mas a própria banda desenhada também tem vindo a ganhar destaque. Nesse sentido, surge a Comic Con, uma das maiores convenções de cultura pop do mundo, que chegou em 2014 a Portugal. Durante os primeiros anos decorreu na Exponor, em Matosinhos (onde regressa em 2024, para o 10.º aniversário do certame), passando mais tarde, em 2018, para o Passeio Marítimo de Algés, em Lisboa.

No entanto, foi na região Norte que se sentiram movimentos pioneiros de eventos do género. É o caso do Salão Internacional de Banda Desenhada do Porto, fundado pelo Projeto Comicarte, e que mais tarde se associou à Comissão de Jovens de Ramalde, antes de se dar a criação da Associação do Salão Internacional de BD do Porto (ASIBDP). Teve dez edições – anuais entre 1985 e 1989 e bienais entre 1991 e 1999 -, e acolheu conceituados nomes na área, como Miguelanxo Prado, Dave McKean, Ed Brubaker, Marjane Satrapi, François Schuiten, Benoît Peeters ou Don Rosa.

O intuito desta edição do Maia BD, refere a organização, é “chamar [de volta] ao Norte do país uma seleção importante” de artistas “que estão a trabalhar neste momento, e com obra editada recentemente”, celebrando a banda desenhada com selo português num único local. A longo prazo, “pretende-se criar as condições” para que o festival “possa assumir-se como um evento de referência no panorama nacional, incentivando o desenvolvimento e a formação cultural, aspetos que contribuem para uma melhoria significativa da qualidade de vida e para o desenvolvimento social e económico do território”, concluem.