Este sábado e domingo, o Jardim Botânico do Porto acolhe a primeira edição do festival Extemporânea, uma das atividades com que o Balleteatro do Porto celebra as 40 primaveras. Né Barros deseja que o futuro guarde "inquietação" e "abertura" ao Balleteatro.

A edição deste ano do festival Extemorânea decorre no Jardim Botânico do Porto. Foto: Gabriella Garrido/JPN

Chama-se Extemporânea e promete regressar à Invicta todos os anos num espaço diferente. Trata-se de um novo festival integrado nas comemorações do Balleteatro do Porto. Este ano, a seleção de performances e audiowalks decorre no Jardim Botânico da Universidade do Porto. É já este fim de semana (17 e 18) e tem entrada gratuita.

O projeto tem uma curadoria colaborativa, a vários níveis. Para além de marcar a colaboração dos curadores Isabel Barros, Né Barros, Jorge Gonçalves e Flávio Rodrigues, também pretende ser uma colaboração entre a o espaço em que acontece e a intervenção artística em si. As performances estarão sempre intimamente ligadas ao ecossistema social, económico e político do espaço em que são realizadas, neste caso, o Jardim Botânico.

Foram convidados nove artistas de áreas diferentes para que apresentarem performances e audiowalks, demonstrando várias leituras possíveis do mundo contemporâneo.

No sábado, dia 17, podemos contar com as atuações de Maria Antunes (16h00) e Ana Isabel Castro (18h00). Domingo, dia 18, é a vez de João Oliveira (16h00) e Aura (18h00).

Os audiowalks, acessíveis através da leitura de códigos QR espalhados pelo local, oferecem versões em áudio e em texto, mas recomenda-se o uso de auscultadores. Estes passeios alternativos são conduzidos por Isabel Carvalho, Susana Gaudêncio, Maria Inês Marques, Luca Argel e Melissa Rodrigues, que levantarão questões sobre a migração, a memória, a domesticidade, exotismo e relacionamento entre espécies, entre as 10h00 e 19h00 de ambos os dias do festival.

Balleteatro não se quer “acomodar”

“Trata-se de um círculo de performances, que permite uma circulação mais livre. Há um lado menos formal da apresentação do trabalho performativo, onde o público pode circular como quer, parar quando quer, estar imerso na própria natureza. Acaba por ser um espaço de liberdade e de fruição da arte e da natureza”, resume Né Barros, co-curadora do festival e membro da direção do Balleteatro, ao JPN.

Acerca das temáticas presentes, Né Barros sublinha que “a escolha dos temas não é bem uma escolha, porque há toda uma relação da parte performativa com o lugar, e cada lugar há de suscitar coisas diferentes. Os temas surgem do próprio contacto com o espaço”, referiu.

Sobre aquilo que deseja para os próximos 10 anos do Balleteatro, Né Barros deseja que continue a ter “abertura para a cidade e para o mundo” e a ser um espaço de “inquietação”. “O trabalho que fazemos não tem propriamente manutenção, é um trabalho que tem que ser questionado diariamente, como se estivéssemos sempre a fazer pela primeira vez. Devemos aproveitar a memória e experiência que se tem, mas sem acomodação. Que seja sempre um espaço aberto de circulação, de tolerância. Também acredito que a missão de democratização das artes continue como o mote principal do espírito do Balleteatro. Isso, certamente, fará parte da nossa missão durante outros 10, 20 anos e por aí fora”, concluiu.

As celebrações do 40.º aniversário estendem-se ao longo de todo o ano. Começaram com o espetáculo de Né Barros “Distante- Paisagens, Máquinas, Animais”, em fevereiro, no Rivoli. Mais recentemente, já em junho, realizou-se um concerto dos Fado Bicha, no Coliseu Ageas.

Em outubro, no Museu Soares dos Reis, podemos contar com um círculo de performances associada a uma exposição, integrado no festival de cinema Family Film Project. Com uma data a comunicar, haverá uma reposição da peça “IO” (primeiro da série “Paisagens, Máquinas, Animais”) de Né Barros.

Em novembro, será o lançamento do livro de memórias dos 40 anos do Balleteatro. Mais informações acerca do festival ou do Balleteatro podem ser consultadas no site da companhia. 

Editado por Filipa Silva