Em declarações ao JPN, Afonso de Melo, o ex-colaborador da Benfica TV, expressou as suas preocupações com a situação atual do clube. Apesar de não duvidar do profissionalismo de Roger Schmidt afirma que "a equipa parece completamente perdida em campo".

Duas exibições pouco conseguidas deixaram um clima de instabilidade no Estádio da Luz. Foto: Benfica/X

Depois de duas exibições desapontantes frente aos maiores rivais, paira um clima de instabilidade sobre o Sport Lisboa e Benfica. Os adeptos parecem estar cada vez mais saturados da gestão de Roger Schmidt e a falta de organização da equipa dentro das quatro linhas.

Afonso de Melo já trabalhou enquanto jornalista em diversos órgãos de comunicação social, como “O Jogo”, “Sport TV”, “Diário de Notícias” e Benfica TV. Como escritor já publicou diversos livros sobre a história do futebol, nomeadamente do clube encarnado. Trabalhou ainda como assessor de imprensa da seleção portuguesa, de 2004 a 2006. Em conversa com o JPN, o jornalista admite que não duvida da dedicação do treinador para com o clube, apenas da qualidade: “Não ponho causa o profissionalismo do treinador. Não tenho dúvidas que ele pode chegar lá às seis da manhã e sair às dez da noite. Pode ser um grande profissional em termos de trabalho. Agora, em termos daquilo que apresenta no relevado, é muito fraco“.

O também ex-assessor da seleção “duvida muito” que o Benfica venha a conquistar algum título na presente temporada, caso “continue a jogar assim”. Acredita ainda que a falta de liderança no plantel é um dos principais problemas da atualidade encarnada: “O líder é um menino de 19 anos chamado João Neves. É um crime porem tanta responsabilidade em cima do miúdo“.

Para Afonso de Melo, o jovem internacional português tem carregado o meio-campo das águias: “A equipa parece completamente perdida em campo. Está partida em dois. Mal perde a bola, o adversário tem um espaço enorme para correr. Não há médio defensivo, os três da frente não recuam. O Kökçü joga a dez à hora. O João Neves tem de fazer tudo“.

Nos últimos jogos, o treinador dos encarnados tem deixado no banco os dois avançados contratados esta época. O escritor de “Memórias da Nação Valente” considera que todos os três pontas de lança têm características muito diferentes e volta a alertar para o risco de pôr demasiado peso sobre os jovens: “O Tengstedt é o que dá mais luta, mas não é um goleador. O Arthur é um jogador que precisa que a bola lhe caia dentro da pequena área, mas o Benfica não joga nesse estilo. O Marcos Leonardo ainda não tivemos a oportunidade de ver bem o que ele pode dar. Entrou em alguns jogos e marcou golos. Parece de todos o que tem mais qualidade. Mas voltamos ao mesmo, é uma criança de 20 anos. Ter a responsabilidade em miúdos destas idades complica as coisas“.

Para o colunista do “Nascer do Sol”, as escolhas para as alas também “causam impressão”. Na sua opinião, ver Morato a defesa-esquerdo “é arrepiante” e “um desastre completo“. Fredrik Aursnes tem sido outro nome adaptado às laterais encarnadas. Apesar do norueguês demonstrar qualidade, é “desaproveitado” numa posição tão recuada.

Após a derrota contra o FC Porto, Rui Costa assumiu a culpa e pediu desculpas aos adeptos. Porém, o ex-colaborador da BTV crê que a responsabilidade é apenas do técnico alemão: “Na minha opinião, o Benfica tem, de longe, o melhor plantel dos três, mas não consegue tirar proveito disso. O Rui Costa veio dizer que a culpa é dele. A única culpa que ele tem é ter escolhido o treinador. A culpa ali é do Schmidt e de mais ninguém”.

Atualmente o clube está a passar uma fase menos boa e o técnico está a ser contestado. Porém, há meio ano o Benfica sagrava-se campeão e Roger Schmidt era visto como uma lufada de ar fresco. Afonso de Melo acredita que esta “filosofia de abandalhamento por parte do clube e dos adeptos” é um problema. O jornalista afirma que toda a gente à volta do clube “entra em euforia muito facilmente”, mas que esta bolha “depois rebenta e não dá em nada“.

O principal foco dos encarnados é o campeonato, muitas vezes descartando as taças. No entanto, para Afonso de Melo, a atitude competitiva tem de existir em todas as partidas: “Um clube como o Benfica que já teve nomes como Eusébio, Simões, Zé Augusto e Coluna, tem de querer ganhar tudo. Essa gente queria ganhar nem que fosse um jogo a brincar”.

Editado por Filipa Silva