“Desemprego Jovem – que soluções?” foi o tema central do debate promovido pela Fundação da Juventude. Com o objetivo de perceber as possíveis soluções para combater o desemprego jovem, o encontro contou com a presença de convidados de relevo na área, nomeadamente Rosário Morais, técnica superior do IEFP, Ricardo Carvalho, presidente executivo da Fundação da Juventude, e Manuel Guedes, cofundador do projeto Reabilitação Total. Carlos Abrunhosa de Brito, administrador do grupo TALENT e da Fundação AEP, desempenhou, no debate, a função de moderador.

Em Portugal, a taxa de desemprego jovem fixou-se, em janeiro deste ano, nos 34,7%, afetando 130 mil jovens entre os 15 e os 24 anos. É com este pano de fundo que os convidados iniciam o debate. Para Ricardo Carvalho, a inadequação entre a formação e o emprego tende a aumentar. “As universidades estão a formar quadros para os quais as empresas não estão recetivas, ou seja, há uma diferença entre aquilo que as empresas procuram e aquilo que as universidades estão a formar”, afirma.

A seu ver, a solução reside numa clara distinção entre os três ramos de ensino – superior, politécnico e profissional -, “numa lógica complementar e não concorrencial”, a fim de conseguir uma “oferta formativa que vá de encontro ao que o mercado nacional necessita”. No entanto, “os próprios jovens têm de olhar para o mercado global”. “Não diria mundial, mas pelo menos europeu”, realça. Segundo Ricardo Carvalho, não se trata de abandonar o país de origem, mas sim, procurar experiências profissionais no mercado comum europeu.

O moderador Carlos Abrunhosa de Brito partilha desta opinião: “Se nós partirmos do princípio que ninguém está a exportar estamos a promover a mobilidade dos jovens num espaço que passou a ser alargado”. A experiência internacional é benéfica para os jovens, mas o país deve apostar em criar condições de regresso.

Para Rosário Morais, que destacou o facto de a crise ser particularmente difícil para os jovens, acredita que “o que nos distingue é a forma como vamos dar a volta” e o desemprego pode gerar oportunidades. “Eu costumo dizer que o desemprego foi, para mim, uma oportunidade”, concorda Manuel Guedes, que, em situação de desemprego, apostou no empreendedorismo e fundou o projeto Reabilitação Total para “responder ao problema demográfico do país”. “Há maneiras de conseguirmos criar o nosso próprio trabalho (…), ajuda não falta, é preciso encontrá-la”, conclui.

O segundo encontro de “Duas de Letra” terminou com a partilha do público das suas experiências e opiniões face ao tema em discussão. Durante este ano, a Fundação da Juventude promoverá ainda temas como a sexualidade, a era da digitalização, o empreendedorismo e a Europa 2020.