A festa de São João no Porto e em Vila Nova de Gaia foi cancelada, devido à pandemia do novo coronavírus. O cancelamento do evento, que habitualmente acontecia na noite de 23 para 24 de junho, foi anunciado no sábado (4) pelas autarquias do Porto e de Gaia.
A Câmara Municipal do Porto (CMP) afirma, em comunicado, que a medida foi tomada “tendo em conta o potencial de risco para a saúde pública que este evento representa, ao reunir milhares de pessoas nas ruas da cidade”.
“Uma medida que deixa os portuenses e todos os amantes desta grande festa certamente tristes, mas que, nesta altura, se afigura a mais prudente, especialmente dada a incerteza de propagação do vírus e das suas consequências”, lê-se no comunicado.
Toda a programação prevista para os tradicionais festejos de São João, incluindo concertos e outras atividades de animação, ficam assim cancelados. A CMP acrescenta ainda que a verbas que seriam gastas nas iniciativas do evento passam a ser usadas para o reforço no combate ao surto da COVID-19.
“É certo que o verão poderá trazer alguma atenuante, mas nunca ao ponto de voltarmos de imediato à normalidade. É também certo que todo o tipo de concentrações ou ajuntamentos de pessoas continuará a ser interdito no país. Por isso, e porque importa atempadamente acautelar a vida das pessoas, bem como aspetos organizativos e a informação a todos, determinou-se o cancelamento das Festas Populares de São João 2020”, esclarece por sua vez a Câmara Municipal de Gaia em comunicado.
O presidente da União de Freguesias do Centro Histórico do Porto, António Fonseca diz ao JPN que o cancelamento da festa foi “uma decisão correta, de bom senso e de responsabilidade, porque a saúde deve estar em primeiro lugar”.
“Íamos deitar por terra todas as medidas e esforços dos portugueses. Seria um crime”, comenta.
António Fonseca acrescenta que o evento iria juntar milhares de pessoas, incluindo turistas, visto que a festa é “um produto internacional” e, por isso, “é preferível que nos protejamos agora” para, no próximo ano, “usufruirmos de um São João reforçado”.
O vice-presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal e ex-presidente da Associação dos Comerciantes do Porto, Nuno Camilo, afirma ao JPN que a decisão de cancelar o São João era “inevitável“, apesar das consequências no turismo e no comércio.
“O bem da saúde pública é muito superior ao interesse económico. Neste momento, só depois de haver uma consciência de que as coisas já estão resolvidas, que existe uma atividade laboral normal, aí é que se pode retomar a atividade lúdica com mais tranquilidade e capaz de continuar a cativar e trazer pessoas à cidade e à região”, acrescenta Nuno Camilo.
Além da festa de São João, o São Pedro da Afurada, em Gaia, também foi cancelado, devido à COVID-19.
Já na semana passada, a Câmara Municipal de Lisboa tinha anunciado o cancelamento dos festejos do Santo António na cidade.
Os festejos do São João no Porto têm séculos de história e não há memória recente de não terem sido realizados. Em 2015, a autarquia estimou que tenham participado na celebração meio milhão de pessoas.
O surto que começou na China espalhou-se, em poucas semanas, pelo mundo e já infetou mais de 1 milhão de pessoas e provocou cerca de 70 mil mortes. Em Portugal, existiam, esta segunda-feira (6) 11.730 infetados e 311 mortes pelo novo coronavírus.