A pedido da Federação Académica do Porto, o presidente da estrutura, Marcos Alves Teixeira, foi ouvido esta quinta-feira (18) no Parlamento. À Comissão de Educação, Ciência, Juventude e Desporto, o dirigente associativo levou “os problemas que os estudantes da academia do Porto estão a sentir neste momento”, a par de algumas propostas de solução.
No contexto da atual crise, o estudante reforça que é preciso “prevenir que haja estudantes que deixem de estudar por dificuldades económicas”. Nesse sentido, considera essencial que se altere o regulamento de atribuição de bolsas: “ele precisa de ser revisto, mesmo que seja a título excecional para este ano, para que a declaração de rendimentos inclua, para efeitos de candidatura, os meses da pandemia. Se só considerarmos o [rendimento do] ano anterior, a imagem com que se fica do agregado familiar pode não ser a real”, exemplifica em declarações ao JPN já depois da audição, que decorreu ao início da tarde.
O alojamento – “um problema velho, mas que continua sem solução” – também foi abordado, até porque, na opinião da FAP, ele tende a agravar-se no próximo ano letivo: “Por duas razões, porque o mercado imobiliário não teve o arrefecimento que se previa e, segundo, porque algumas instituições, por preocupações sanitárias, vão, por exemplo, deixar de ter quartos partilhados [nas residências] e isto traz um decréscimo de camas e o problema que já existia fica ainda pior”, afirma.
A propósito, o estudante ressalva que o Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior precisa de ser alterado, porque “não está a fazer nada”. “No Porto, ao abrigo desse plano, não há uma única cama nova este ano. [O plano] Não serve. É preciso construir oferta pública e, para o próximo ano, por exemplo, à semelhança do que algumas autarquias já estão a fazer, contratualizar com o Alojamento Local, que vai ficar com uma taxa de procura muito menor, a disponibilização de unidades a preços acessíveis aos estudantes”, exemplificou.
Saúde mental e recursos tecnológicos foram outros assuntos discutidos com os deputados. O ensino à distância veio agudizar a dependência de equipamentos tecnológicos que nem todos os estudantes possuem. “Neste momento, nos apoios sociais, não há nada específico para isso. É preciso criar fundos”, diz Marcos Alves Teixeira, lembrando que a necessidade destes equipamentos se vai prolongar.
“Satisfeito” por ver reconhecidos pelos deputados os problemas elencados no Parlamento, o dirigente declara-se ao mesmo tempo “frustrado” pela ausência de medidas. “Neste momento, o maior problema tem mesmo a ver com o Governo que se recusa a apresentar medidas, refugia-se na questão da autonomia, que para mim é mais um esquecimento dissimulado”, afirma, reforçando que o Plano de Estabilização Económica e Social “esqueceu completamente” o Ensino Superior.