No último encontro do grupo E de apuramento para o Europeu de Futebol Feminino de 2022, Portugal voltou a superiorizar-se à Escócia e venceu o encontro por 2-0. A partida realizou esta terça-feira em Larnaca, no Chipre, devido às restrições de viagens impostas pelo Reino Unido. Apesar do pouco caudal ofensivo, os golos de Ana Capeta e Fátima Pinto permitiram às portuguesas encerrar da melhor forma esta fase da qualificação, com 19 pontos.
No seguimento da derrota frente à Finlândia, que praticamente condenou a Seleção Nacional a ter de disputar o playoff para conseguir o apuramento para o Europeu, Francisco Neto, selecionador nacional, promoveu várias alterações no onze inicial. Jéssica Silva e Ana Capeta substituíram Diana Silva e Ana Borges na frente de ataque, enquanto no meio campo Fátima Pinto e Vanessa Marques renderam Cláudia Neto e Tatiana Pinto. Na defesa, houve apenas uma mudança, com Ana Borges a recuar para a lateral direita e Mónica Mendes a começar no banco.
Mais Escócia, mas vantagem para Portugal
A defrontar um adversário de boa memória – foi frente à Escócia que a Seleção Nacional feminina conquistou a sua primeira vitória na fase final de uma grande prova de seleções, no Europeu de 2017 -, os primeiros cincos minutos de Portugal foram positivos. Aliás, as duas formações entraram bem na partida, com aproximações perigosas às balizas de ambos os lados.
Com mais posse de bola para as escocesas, que substituíram, entretanto, Shelley Kerr por Stuart McLaren no comando técnico, depois do fracasso neste apuramento, as portuguesas tentavam explorar a profundidade oferecida por Ana Capeta e Jéssica Silva. Contudo, o passar dos minutos acentuou o domínio das britânicas.
Aos 15 minutos, Martha Ellen Thomas, avançada do West Ham, obrigou Patrícia Morais à primeira grande intervenção, na sequência de um desvio na resposta a um cruzamento. Logo de seguida, a guarda-redes nacional, que representa o Sporting CP, voltou a brilhar ao travar um remate de Erin Cuthbert, jogadora do Chelsea, à entrada da área.
Na melhor fase da Escócia na primeira parte, a seleção orientada por Stuart McLaren canalizava o jogo pelo seu lado direito, num esforço para explorar o espaço entre a central Carole Costa e a lateral Joana Marchão. A mobilidade do trio ofensivo escocês – Cuthbert, Thomas e Claire Emslie – causava bastante dificuldades à Seleção Nacional que, depois das abordagens iniciais, foi praticamente inexistente no plano ofensivo e demonstrava problemas na primeira fase de construção.
Ainda assim, e contra a corrente do jogo, foi mesmo a formação portuguesa a inaugurar o marcador. Depois de um aviso de Jéssica Silva, ao apostar na pressão alta à guarda-redes adversária, Ana Capeta, avançada do Sporting CP, seguiu o exemplo e conseguiu intercetar a tentativa de alívio de Jenna Fife, com a bola a acabar dentro da baliza da Escócia. 0-1 para Portugal aos 27 minutos.
A seleção a jogar em casa emprestada acusou o golo e as portuguesas soltaram-se um pouco mais na partida, conseguindo mais tempo no meio campo ofensivo. Mesmo sem criar perigo, o golo acabou por estancar o ataque adversário. Até ao intervalo, destaque apenas para mais uma jogada e cruzamento de Emslie, que Ellen Thomas não conseguiu desviar na direção da baliza.
Apesar do pouco fulgor ofensivo, Portugal foi para os balneários em vantagem no encontro.
Pouca baliza e novo golo a acabar
No arranque da segunda parte, Francisco Neto lançou Tatiana Pinto para o lugar de Vanessa Marques, atleta do Ferencváros que regressou recentemente de lesão, mas foi a Escócia que voltou a começar melhor. No entanto, a fluidez da sua manobra atacante baixou de forma significativa face ao primeiro tempo, com mais dificuldades em solicitar o tridente ofensivo.
Com o jogo mais longe das balizas, Patrícia Morais só voltaria a ser testada quase aos 70 minutos do encontro, com duas novas tentativas, sem grande perigo, da autoria de Ellen Thomas. Do lado português, mantinham-se as dificuldade em ligar jogo com as duas avançadas, mesmo depois da entrada de Diana Silva para o lugar de Ana Capeta.
O lance mais perigoso da Escócia na segunda parte surgiu aos 87 minutos, no seguimento de mais um dos vários cantos que a seleção de Stuart McLaren acumulou ao longo do encontro, mas a insistência redundou num cabeceamento por cima da baliza.
Já nos descontos, Portugal experienciou o reverso da medalha do que aconteceu na partida frente à Finlândia e sentenciou a partida com um golo de Fátima Pinto, o seu segundo na seleção, depois de um bom trabalho de Andreia Jacinta, jovem de 19 anos do Sporting CP. 2-0 foi o resultado final.
Com esta vitória, Portugal fecha a fase regular do apuramento para o Europeu de Futebol Feminino de 2022 no segundo lugar, com 19 pontos, pontuação insuficiente para conseguir a qualificação direta e evitar o playoff.
Vitória com sabor agridoce
No final da partida, Francisco Neto mostrou-se orgulhoso do desempenho das suas jogadores, embora reconheça que tenha sido uma vitória com sabor agridoce por não ter ajudado Portugal a evitar o playoff. Ainda assim, realçou a resposta do grupo de trabalho, apesar das circunstâncias, neste encontro e o facto da Seleção Nacional ter conseguido dois triunfos frente à seleção mais cotada do grupo. O selecionador reconheceu também que esta foi uma exibição menos conseguida e que a sua formação teve dificuldades para segurar a bola.
O sorteio do playoff está marcado para 5 de março, dia em que Portugal vai ficar a conhecer o adversário para os jogos que se vão disputar a 5 e 13 de abril. Para além da Seleção Nacional, têm também presença assegurada na fase seguinte do apuramento a Rússia, a Ucrânia e a Irlanda do Norte, a que ainda se vão juntar a Itália, a Suíça, a Polónia e/ou a República Checa.
Artigo editado por Filipa Silva