O FC Porto derrotou o Gil Vicente em Barcelos por 2-0, este sábado, em jogo a contar para a Liga NOS. Os golos saíram dos pés dos médios Matheus Uribe e Sérgio Oliveira. Com o triunfo, o campeão nacional soma 48 pontos e ascende provisoriamente ao segundo lugar da Primeira Liga.

O Gil Vicente ainda não pôde contar com o brasileiro Felício Miullen, afastado por lesão muscular. Rúben Fernandes foi expulso na derrota frente ao Tondela e também ficou de fora. Do lado dos portistas, Mbemba continua a braços com um problema no joelho e é até provável a sua ausência na segunda mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões, frente à Juventus.

À entrada para a partida, ambas as equipas sentiram uma grande pressão para amealhar pontos. O FC Porto perdeu na jornada anterior o segundo lugar para o Sp. Braga, face ao empate caseiro com o líder Sporting e à vitória arsenalista na Madeira frente ao Nacional, por 2-1. Para piorar a situação perdeu também para os bracarenses a meia-final da Taça de Portugal na última quarta-feira, numa das piores exibições da era Sérgio Conceição.

No caso do Gil Vicente, a luta pela manutenção continua renhida. Cinco pontos separam o “lanterna vermelha” Marítimo (18, 21 jogos) do décimo classificado Portimonense (23 pontos, 22 jogos). A derrota em Tondela impediu a formação de Barcelos de descolar da cauda da tabela e, com a derrota frente ao FC Porto, sabe que vai terminar a jornada com 19 pontos e em antepenúltimo lugar, no melhor dos cenários.

FC Porto dominou o primeiro tempo 

Os barcelenses quiseram evitar o desfecho da partida anterior e mudaram quatro titulares, além do sistema tático. O castigado Rúben Fernandes deu lugar a Rodrigão, Henrique Gomes a Talocha, Fujimoto a Pedro Marques e Samuel Lino a Pedro Marques. O treinador Ricardo Gomes mudou de um 4-3-3 para um 5-4-1 para permitir à equipa suportar melhor as investidas do FC Porto e, possivelmente, surpreender com um ataque rápido. Tal não aconteceu.

Sérgio Conceição regressou à fórmula habitual. Também deixou o 4-3-3 no passado e voltou ao seu típico 4-4-2. Trocou cinco jogadores do onze inicial, com Marchesín a render Diogo Costa na baliza, o defesa central Diogo Leite a entrar no lugar do lesionado Mbemba, Nanu a regressar aos relvados depois do violento choque no jogo frente ao Belenenses S.A.D. e a suceder a Sarr, o médio Grujić a dar lugar a Sérgio Oliveira e o ponta de lança Taremi a substituir o extremo Luis Diaz.

Foi um FC Porto muito diferente dos últimos jogos. A atitude dos jogadores, sobretudo. Embora não exercendo nenhuma pressão sufocante sobre o adversário, foi dono e senhor do meio-campo praticamente durante todo o jogo.

Além disso, a constante procura por brechas por parte do FC Porto na defesa gilista impossibilitou os comandados de Ricardo Soares de fazerem jogadas com perigo junto à baliza de Marchesín. Taremi e sobretudo Marega deram bastante trabalho, apesar de não terem marcado qualquer golo. Na primeira parte, o destaque foi todo para o FC Porto.

O domínio portista começou cedo. Aos 7’, Uribe abria o placar com um remate potente na zona de penálti, após ressalto na área em jogada de cruzamento de Otávio pela direita. A jogada do golo demonstrou uma intensidade que andava alheada da equipa, analisando os últimos encontros.

De novo, é importante frisar o papel de Taremi e Marega em procurar espaços em profundidade e abrindo corredores para os criativos Otávio, Corona, Nanu e Manafá. Foi esse o caso novamente aos 21’, em combinação entre Taremi e Corona. O mexicano veio buscar a bola longe da faixa lateral e em jogada com o avançado iraniano rematou para uma defesa segura do guardião gilista Denis.

Aos 23’ e 28’, Marega fica perto de faturar e aumentar a vantagem do FC Porto. No primeiro lance, o lateral direito Nanu lança a bola em profundidade para remate apertado e pressionado do maliano. A defesa de Denis também não foi fácil. Já no segundo, Manafá com um passe alto pela esquerda tenta isolar o avançado que consegue por momentos ultrapassar a defesa. No entanto, Moussa Marega fica sem ângulo para finalizar e cruza para trás onde estava Taremi. Este desvia para Sérgio Oliveira, que remata por cima.

Aos 33’, Taremi teve também uma boa oportunidade nos pés a um bom passe picado de Corona, mas encontrava-se em fora de jogo.
Pouco antes do intervalo, surgiu a única chance minimamente perigosa do Gil Vicente. Aos 39’, Talocha projeta Henrique Gomes pelo corredor esquerdo até à linha de fundo, mas passou a bola com demasiada força. O cruzamento não saiu, o que teria resultado num lance bastante perigoso.

Até ao descanso, houve mais oportunidades para o FC Porto ampliar o avanço no marcador. Aos 40’, Manafá cruzou de pé direito no lado esquerdo para o cabeceamento do pequeno Tecatito Corona, para defesa apertadíssima de Denis, que exigiu bons reflexos.  Corona saiu um pouco atordoado do lance e foi substituído ao intervalo, assim como Pepe. Conceição fez entrar Luís Diaz e Malang Sarr.

Controlo com alguma turbulência

O FC Porto encontra-se no olho de um furacão com três jogos, para três competições diferentes, em seis dias. O cansaço começou a notar-se e o domínio do primeiro tempo diluiu-se. O Gil Vicente começou a perder menos bolas a meio campo e a ser capaz de enviar mais jogadores para a área ‘azul e branca’, investindo no jogo direto.

O segundo golo do FC Porto aparece como reação a um ataque gilista. Se aos 59’ Lucas Mineiro rematou por cima da baliza numa jogada com perigo moderado – mas que confirmava alguma mudança no domínio da partida – os ‘dragões’ não se fizeram rogados e sentenciaram a partida aos 60’. Sérgio Oliveira, fuzilou as redes de Denis, com um remate a cerca de 25 metros de distância da baliza. O FC Porto acabava de fazer um segundo golo na partida sem resposta. Caso raro esta época – aconteceu cinco vezes em 22 jogos do campeonato, cerca de 22%.

A partir desse momento, as substituições começaram a surgir. Primeiro o Gil Vicente. Ricardo Soares faz entrar aos 75’ Samuel Lino, Fujimoto e Joel Pereira e retira de campo Pedrinho, Paulinho e Lourency. Aos 79’, João Afonso substitui Claude Gonçalves. E aos 86’ Vítor Carvalho rende Lucas Mineiro.

Depois os portistas, em dois momentos distintos. Otávio e Taremi saíram aos 85’ para darem lugar a Grujić e Evanilson. E a figura do momento, Francisco Conceição, acumulou alguns minutos e trocou com Marega aos 88’.

Antes do jogo terminar, ainda houve tempo para mais um golo, mas invalidado. Evanilson conseguiu empurrar a bola para a baliza, mas o brasileiro estava em posição irregular.

Sérgio Conceição contente com a atitude da equipa

O treinador do FC Porto gostou da forma como a equipa jogou. Na conferência de imprensa após o jogo, Sérgio Conceição afirmou que “era importante ganhar este jogo contra uma equipa que em casa cria muitas dificuldades”.

Elogiou a prestação do guarda redes adversário e não deixou garantias de que Corona e Pepe sigam com a comitiva para Itália: “Entrámos bem, fizemos um jogo consistente, a nossa dinâmica com bola foi de acordo com o que foi pedido e não fizemos no último jogo. Denis fez uma exibição fantástica, podíamos ter ido para o intervalo com uma vantagem de três ou quatro golos”.

Ricardo Soares conformou-se quanto à diferença entre os dois conjuntos

O técnico do emblema de Barcelos não escondeu o falhanço da estratégia para travar o campeão nacional: “Sofremos novamente um golo a começar o jogo e isso deita por terra qualquer estratégia. Sabíamos que o FC Porto vinha ferido e ia entrar forte e tivemos muitas dificuldades no início, a relva fantástica ajudou. Tivemos dificuldades para tapar o portador da bola. Atendendo à circulação rápida o FC Porto atacou-nos a profundidade. Em cantos e numa segunda bola sofremos golo. Continuamos a ter dificuldades, mas melhoramos nos últimos 15 minutos.”

O FC Porto prepara agora a segunda mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões e viaja, no domingo, para Turim, onde enfrentará a Juventus na próxima terça-feira. O Gil Vicente volta a jogar para o campeonato com o Vitória SC no dia 14 de março.

Artigo editado por João Malheiro