Os grupos parlamentares reuniram-se, esta quarta-feira, numa audição pública com o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo. A Comissão de Educação, Ciência, Juventude e Desporto esteve presente na Sala do Senado da Assembleia da República, a pedido do PCP, para abordar a situação vivida no Desporto e as medidas necessárias para salvar o setor.
As queixas dos partidos incidiram, maioritariamente, sobre a falta de ação e de planeamento sólido do Governo no que toca ao desporto ao que, segundo os partidos, não é alheia a ausência de verbas e medidas ao setor no Orçamento de Estado e no Plano de Recuperação e Resiliência.
Alma Rivera, deputada do PCP, alertou para a quebra de praticantes até 85% em algumas modalidades e de como “não houve nenhum tipo de acolhimento das propostas” dos partidos por parte do Governo. A deputada terminou a sua intervenção questionando o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto acerca de um “fundo adicional para auxiliar os clubes” que, segundo a mesma, não aguentam muito mais inatividade.
Miguel Matos, do PS, lembrou um estudo divulgado pela UEFA e Federação Portuguesa de Futebol que demonstra a dimensão e importância do futebol em vários setores do país. Interpelou também João Paulo Rebelo sobre o reforço de apoio ao país e ao futuro transitivo do pós pandemia e desconfinamento. “Haverá um reforço de apoio ao desporto? Quando? De que moldes?“, questionou o deputado.
Emídio Guerreiro, deputado do PSD, trouxe dados relativos à diminuição de inscrições de atletas e existência de clubes. “Há federações que registam 60% de perda de atletas, o Comité Paralímpico Nacional dá conta de 166 clubes que pararam as atividades. 25% dos clubes de futebol desapareceram, assim como 65% dos futebolistas de formação.” Deixa duras críticas às políticas do Governo, que insiste em não considerar a competição de desportos coletivos como “seguros”.
Luís Monteiro, representante do BE, foi quem mais reprovou a postura do Executivo em relação ao desporto. Na opinião do bloquista, “o secretário de Estado foge para a frente enquanto os partidos propõem medidas. O desporto é o único setor em Portugal que ainda não conheceu qualquer plano ou esboço de plano apresentado pelo Governo às instituições desportivas e ao país“.
João Paulo Rebelo respondeu a todas as críticas. Prometeu, em retorno a todas as intervenções, que “Portugal tudo fará para não deixar que os clubes se extingam” e que os mais fragilizados “são as crianças que ficaram privadas da sua atividade”. Quanto a apoios, o secretário de Estado recordou que o Governo “já disponibilizou verbas ao setor na ordem dos 50 milhões de euros em layoffs” e outras medidas, a que se adiciona uma isenção tributária arredondada de 25 milhões.
O desconfinamento é ainda um tema delicado no seio do Governo e das autoridades de saúde. João Paulo Rebelo citou Graça Freitas, Diretora-Geral da Saúde, que em reunião privada lhe terá dito que “é muito difícil para nós estarmos a exigir distanciamento social e confinamento a todos os portugueses e permitirmos que umas centenas de milhar de pessoas não cumpram as regras da mesma maneira”, referindo-se à presença de adeptos nos estádios.
Nas várias intervenções, foi constante a crítica partidária face à alegada falta de ação governamental. Os Grupos Parlamentares recordaram que o setor do desporto não sobreviverá sem que o Governo invista financeiramente nos clubes até a pandemia permitir uma prática desportiva mais regular.
Artigo editado por João Malheiro