Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista Zero, esteve em Glasgow a acompanhar os trabalhos da COP26, que terminou no dia 13. O balanço do ambientalista é genericamente negativo, embora considere que se fizeram também alguns progressos.

Transcrição da reportagem

A COP26 terminou no dia 13 de novembro.

A associação ambientalista Zero esteve na cimeira e acredita que os governos podiam ter ido mais longe, embora tenham sido feitos avanços significativos.

Ainda assim, o presidente da Zero faz um balanço geral negativo.

Francisco Ferreira: “Estamos desiludidos, porque o objetivo principal não foi atingido. A ideia era ficarmos por um grau e meio de aumento [não permitir que o aquecimento global aumente mais de 1,5 grau Celsius até o final do século] e não chegamos lá, mas também é verdade que houve questões que, pela primeira vez, foram aceites. Nomeadamente, esta ideia de acabar com a subsidiação aos combustíveis fósseis, acabar com o uso do carvão.”

Portugal assinou várias declarações como país e como membro da União Europeia. No que diz respeito ao uso de energia nuclear, o país reforçou a sua posição contra.

O presidente da associação ambientalista Zero esperava mais.

Francisco Ferreira: “Na parte relativa aos veículos elétricos onde achamos que Portugal poderia ter ido realmente mais longe, aliás, porque o pacote preparado para os 55 – que faz parte do Pacto Ecológico Europeu – tem prevista precisamente essa medida, de não se vender carros com motor de combustão a partir de 2035.”

Já o cumprimento da medida sobre a desflorestação [deter a desflorestação até 2030], é considerada pelo ambientalista como o maior desafio do país, devido aos incêndios que Portugal enfrenta todos os anos.

Para a Zero, as alterações de última hora ao documento final da cimeira são um passo para trás.

Francisco Ferreira: “Houve vários retrocessos. Passou-se dos subsídios aos combustíveis fósseis para os subsídios ‘ineficientes’ aos combustíveis fósseis, algo que é preciso clarificar, e depois no fim houve realmente a inclusão de mais um retrocesso quando, em vez do olharmos para o fim do carvão, a Índia e a China – apesar da proposta ter sido da Índia – consideraram a redução do carvão em vez do fim do carvão.”

A COP26 esperava-se revolucionária, mas para a Associação Zero o progresso não foi o suficiente.

Esta reportagem foi realizada no âmbito da disciplina de AIJ Rádio – 3º ano