Projeto desportivo do Chelsea está em risco, depois de o Governo britânico ter congelado os bens de Roman Abramovich. O Chelsea já estava à venda, mas até esse processo ficou em 'stand-by', uma vez que o magnata russo é dono do clube londrino. O Chelsea está sob uma licença especial para competir.

Abramovich comprou o Chelsea em 2003. Foto: Chelsea Football Club/Facebook

Na última quinta-feira, Boris Johnson aplicou mais sanções à Rússia, na sequência da invasão da Ucrânia, e deixou o Chelsea em apuros. O governo britânico suspendeu os bens patrimoniais de sete oligarcas russos, nos quais se inclui Roman Abramovich, proprietário do Chelsea. Nestes termos, o Chelsea fica impedido de efetuar ações básicas, como a venda de bilhetes aos adeptos sem lugar anual, a venda merchandising e impossibilitado de agir em tudo que esteja relacionado com contratos de jogadores. O processo de venda do clube também ficou suspenso.

Estas medidas têm impacto direto no projeto desportivo do Chelsea, do presente e do futuro. No futebol masculino, o clube poderá perder jogadores, como Azpilicueta, Rudiger, Christensen e Emerson Palmieri, que estão em fim de contrato e impossibilitados de renovar. Se a situação não se resolver para os blues, os jogadores ficarão livres para assinar com outro clube em julho.

Aos jogos do Chelsea, em casa, só poderão assistir aqueles que tiverem o lugar anual, adquirido no início da época, ou aqueles que tenham adquirido os bilhetes previamente.

Além disso, o Chelsea terá limites de custos: nas deslocações, a equipa não poderá gastar mais do que o equivalente a 23.900 euros; na organização dos jogos em casa, o Chelsea não poderá passar os 600.000 euros.

Após o encontro desta quinta-feira frente ao Norwich – que o Chelsea venceu por 1-3 – Thomas Tuchel pronunciou-se sobre a atual situação do clube: “Enquanto tivermos camisolas suficientes e um autocarro para ir para os jogos, vamos lá estar e competir no máximo”.

É inevitável que as sanções aplicadas contra Abramovich afetem em grande escala o Chelsea e os seus adeptos. A ministra da cultura britânica, Nadine Dorries, através do seu Twitter, disse que a intenção do governo passa por “responsabilizar aqueles que permitiram o regime de Putin”. No entanto, Nadine Dorries deixou patente o esforço para não prejudicar o clube: “Para garantir que o clube possa continuar a competir e a funcionar, emitimos uma licença especial que permitirá que os jogos sejam cumpridos, os funcionários sejam pagos e os titulares de ingressos possam assistir aos jogos enquanto, crucialmente, Abramovich fica impossibilitado de beneficiar da propriedade do clube (…) Os clubes de futebol são bens culturais e a base das nossas comunidades. Comprometemo-nos a protegê-los”, acrescentou, mais à frente.

Os blues passam a competir, estando subordinados a uma licença especial que, para já, lhes permite continuar a jogar. Com o processo de venda do clube a ser, igualmente, bloqueado, o Chelsea vai tentar outra licença especial.

Em comunicado, o clube de Londres pediu soluções para poder continuar a agir com a maior normalidade possível: “Pretendemos debater com o Governo os contornos da licença. Isso incluirá um pedido de permissão para que a licença seja alterada, permitindo que o clube funcione o mais normal possível. Também procuraremos orientação do governo do Reino Unido sobre o impacto dessas medidas na Chelsea Foundation e no seu trabalho fundamental, nas nossas comunidades.”

No dia de ontem, a Three – patrocinador principal das camisolas do Chelsea – suspendeu, temporariamente, o contrato com os blues. Na vitória desta quinta-feira à noite diante o Norwich, as camisolas de jogo ainda tiveram o patrocínio da empresa britânica, mas no jogo do próximo domingo, frente ao Newcastle, a marca já não vai aparecer. Outra diferença que se vai fazer notar no jogo do fim de semana deverá ser a casa meia cheia em Stamford Bridge.

Os adeptos que se deslocaram ontem a Norwich demonstraram o apoio a Abramovich, ao entoarem cânticos com o nome do proprietário do clube. As manifestações de carinho têm sido recorrentes nos jogos dos blues.

Na quinta-feira, Boris Johnson aplicou sanções a mais seis oligarcas russos, suspendendo bens e viagens. Além disso, as pessoas e empresas britânicas não poderão negociar com nenhum deles. Segundo uma informação divulgada pelo governo britânico, o património líquido de todos os oligarcas, a quem foram aplicadas sanções, vale cerca de 18 mil milhões de euros.

Artigo editado por Filipa Silva