Obra deve ser lançada no final de 2023 e responder à falta de espaço para refeições. Faculdade de Arquitetura enfrenta problema semelhante, mas espera ter concluído em breve um plano para a construção de uma nova cantina. Grupo Parlamentar do PCP denunciou em março ausência de "espaços dignos" para os alunos.
Depois do acumular de queixas dos alunos devido à falta de condições para a toma de refeições, a diretora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), Paula Pinto Costa, revelou que a faculdade terá um novo edifício, onde um dos pisos será para cafetaria.
A intervenção vai avançar no final de 2023, adiantou a diretora, em declarações ao JPN, o que deve resolver a questão da falta de espaço.
Paula Pinto Costa explica que foi a associação de estudantes que a procurou para tentar solucionar este problema. A dirigente reforça que a principal dificuldade é a limitação do espaço, pois a faculdade “não foi concebida para aquilo que é hoje. Somos muitos mais do que há 40 anos”, quando o edifício localizado na Via Panorâmica começou a ser concebido.
Num primeiro momento, o bar da faculdade foi ampliado através de uma esplanada exterior, de forma a contornar este transtorno. Foram também distribuídos micro-ondas pelos corredores e foi criada uma app para telemóvel para adquirir a senha das refeições, evitando assim que os estudantes estejam tanto tempo dentro do bar.
Contudo, para além de só poder ser usufruída em dias com boas condições climatéricas, a esplanada acarreta outro problema: as gaivotas. As aves sobrevoam constantemente os alunos de forma a tentar roubar comida. Perante esta situação, a instituição comprou um falcão mecânico. Este, no entanto, funcionou apenas por três semanas, refere a diretora.
Como solução de curto prazo, a associação de estudantes sugeriu a colocação de mais mesas, cadeiras ou bancos distribuídos pelo jardim, uma resposta considerada “não viável” por Paula Pinto Costa, pois a instituição entrará em breve em obras.
Assim, só a construção do novo edifício permite resolver a questão da falta de espaço e ser também “uma solução para o assunto das gaivotas“, conclui a diretora.
Na FAUP, o problema da falta de espaço é “transversal”
Situada nas proximidades, a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) enfrenta dois grandes problemas: a falta de espaço para refeições e a ausência de uma cantina, cuja função é assegurada por um bar. À semelhança da FLUP, foram também colocados micro-ondas nos corredores e o bar também dispõe de uma esplanada exterior.
Eugénia Cadeia, presidente da associação de estudantes (AEFAUP) refere que muitas vezes os estudantes são obrigados a “ter que almoçar sentados no chão frio”, principalmente em dias de mau tempo.
Face às más condições, o bar da FAUP está a tentar fazer o mesmo trabalho de uma cantina, o que é “insustentável”, pois seria preciso “uma infraestrutura muito superior àquilo que têm para poder trabalhar”. A dirigente da AEFAUP acrescenta ainda que o ideal seria construir uma “possível extensão” da faculdade, não só para os espaços necessários, mas também por questões sociais e de convívio.
A membro do Conselho Executivo da FAUP, Carla Alves, concorda que não é só a cantina que está em falta: as salas de aulas e de estar para os estudantes e docentes existem em número insuficiente. O espaço na faculdade transformou-se uma “questão transversal”, porque o orçamento anual da faculdade é canalizado para obras de manutenção. Assim, teria de ser um “investimento estratégico do próprio governo” a resolver a situação, complementa a professora.
A professora Clara Alves afirma ter conhecimento de um projeto, já em fase final, de uma nova cantina para a faculdade. Contudo, entre a conclusão de um plano e a sua colocação em funcionamento, “podem passar um par de anos”, lamenta a professora.
Grupo parlamentar do PCP faz denúncia formal
A situação destas faculdades já chegou aos corredores do Parlamento. Há cerca de um mês, o Partido Comunista Português (PCP) dirigiu dois ofícios à Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior a denunciar a falta de condições para alunos e trabalhadores fazerem as suas refeições nas faculdades de Letras e de Arquitetura da UP.
Nesses documentos, aos quais o JPN teve acesso, o PCP refere que um número crescente de estudantes tem optado por trazer comida pré-confecionada para as aulas. Os comunistas referem ainda que “esta realidade não tem sido acompanhada pelas faculdades nem pela Universidade do Porto na disponibilização de espaços dignos e adequados” para os estudantes.
Artigo editado por Miguel Marques Ribeiro