Do recente Observatório do Alojamento Estudantil ao Infocursos, são vários os sites que reúnem informações que podem ser úteis aos que planeiam candidatar-se ao Ensino Superior.
Alojamento
Comecemos por uma novidade divulgada no último sábado (4) pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES): o Observatório do Alojamento Estudantil. A plataforma, que resulta de uma parceria da tutela com a startup portuguesa Alfredo Real Estate Analytics, que faz análises ao mercado imobiliário, é essencialmente uma ferramenta de apoio à decisão.
Ela não serve de porta de acesso a anúncios de alojamento concretos. Usa-os antes, de forma agregada, para devolver informação estatística, geográfica, demográfica e de análise do mercado imobiliário por concelho.
É possível, por exemplo, identificar onde estão localizadas as instituições de ensino superior desse concelho e as respetivas residências estudantis. Já em relação à oferta privada, a plataforma devolve o número de quartos e apartamentos destinados a estudantes que, numa dada freguesia ou concelho, estão disponíveis naquele dia, bem como o intervalo de valores cobrados nessa geografia, com base na informação dos anúncios.
Usando uma escala de cor, o mapa assinala as zonas desse concelho onde os preços estão abaixo, em linha ou acima dos valores médios cobrados. São ainda disponibilizados dados demográficos e de evolução do mercado por freguesia.
De acordo com o MCTES, são monitorizados “mensalmente cerca de 150 mil anúncios. A análise da oferta privada de alojamento é feita através da recolha de fontes públicas de informação, tais como portais imobiliários e de agências do setor, num total de mais de 20 plataformas distintas”.
No total, refere a mesma nota, esta ferramenta de análise em “tempo real”, contabilizava no dia 4 de julho, dia em que foi divulgada, “13.541 quartos, distribuídos por 163 concelhos e 452 freguesias.”
A plataforma foi construída contando também com informação disponibilizada por associações de estudantes e serviços de ação social de universidades e politécnicos. E estas são, aliás, boas fontes primárias a consultar. As associações académicas têm muitas vezes as suas próprias plataformas de alojamento – caso da Associação Académica da Universidade de Trás-osMontes e Alto Douro, em Vila Real – e/ou certificados de habitabilidade, que visam servir de garantia ao cumprimento de condições mínimas dos alojamentos.
Para encontrar uma casa é ainda de considerar:
- A consulta de plataformas online como a Uniplaces, especialmente vocacionada para estudantes e jovens profissionais, com quem várias instituições e associações têm parcerias – caso da Federação Académica do Porto;
- A procura de programas de alojamento de estudantes em casas de idosos – a FAP promove no Porto, junto com a Câmara do Porto, o Programa Aconchego, mas há outros similares no resto do país;
- A procura de uma República estudantil (espécie já rara nos dias que correm, mas ainda viva);
- Ou ainda a procura na rede de residências estudantis privadas que se multiplicaram nos últimos anos, sobretudo em cidades como o Porto e Lisboa;
Cursos/instituições
Ainda antes de escolher onde ficar, a questão é mesmo saber o que estudar. As candidaturas ao Concurso Nacional de Acesso arrancam a 7 de agosto e até lá é preciso ter opções bem estudadas, incluindo, quem sabe, a de fazer um gap year.
Mas se a ideia é ingressar já num curso, o Infocursos pode dar uma ajuda na tomada de decisão. Criado em 2014, este portal online disponibiliza dados e estatísticas individualizadas de cursos da rede nacional de ensino superior pública e privada.
Além de licenciaturas e mestrados integrados, a plataforma passou também a disponibilizar no ano passado informação sobre mestrados de 2º ciclo e de Cursos Técnicos Superiores Profissionais. No total, reúne dados sobre cerca de 4.100 cursos de 116 instituições de ensino superior.
Neste site é possível encontrar informações como: a situação dos estudantes um ano após a inscrição no curso (o que serve para avaliar se a formação tem alta ou baixa taxa de abandono) ou a taxa de desemprego associada, entre muitos outros dados.
O portal, gerido pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, com o apoio da Direção-Geral do Ensino Superior, é atualizado todos os anos em julho, pelo que deve estar para breve a sua mais recente versão.
Em matéria de acesso ao ensino superior, claro que nunca é de descurar o site da Direção-Geral do Ensino Superior, onde se concentra vasta informação sobre cursos, instituições, regulamentos, apoios e as incontornáveis perguntas frequentes.
Bolsas/Financiamento
O que muitos estudantes procuram também é apoio financeiro para ajudar nas despesas associadas ao estudo.
Mais uma vez, é boa ideia começar por recorrer ao site da DGES que tem uma página específica sobre as bolsas de estudo e um link de acesso ao portal de candidaturas. A propósito, recordemos que o período de submissão de candidaturas está aberto desde 25 de junho último. É esta a fonte primordial de apoio aos estudantes do Ensino Superior em Portugal: as bolsas de estudo analisadas e atribuídas localmente pelos serviços de ação social das instituições, financiados por via do Orçamento do Estado. De acordo com o MCTES, foram atribuídas mais de 71 mil bolsas no ano letivo 2019/2020.
Mas há outras bolsas possíveis. Um pouco por todo o país, as câmaras municipais têm divulgado bolsas para estudantes do ensino superior. A Câmara Municipal do Porto, a título de exemplo, tem atualmente abertas candidaturas ao seu programa Porto de Conhecimento por via do qual pretende atribuir 68 bolsas em instituições de ensino privado parceiras do município. Mas há mesmo muitas autarquias com apoios do género. O melhor é procurar obter informação junto da autarquia do concelho de residência.
Há ainda as chamadas bolsas de mérito atribuídas pelas instituições de ensino aos estudantes com um desempenho escolar “excecional”. O regulamento publicado em 2009 baliza os critérios de atribuição deste apoio, cabendo a cada instituição definir o número e normas da atribuição. Quem paga é o MCTES, em prazos que têm deixado muito a desejar.
Ao nível das bolsas, há ainda a considerar as bolsas de mobilidade internas e externas. São exemplo das primeiras, as bolsas do Programa +Superior. Criado no ano letivo 2014/2015, o programa foi reformulado em 2018 passando a destinar-se a estudantes carenciados que optem por estudar em zonas de baixa procura ou baixa pressão demográfica, que não aquela em que residam. O MCTES anunciou esta quarta-feira que voltou a aumentar o número de bolsas do programa: vão ser mais 2.230 no próximo ano letivo. Mais informações sobre o programa podem ser consultadas nesta página da DGES.
Quanto à mobilidade externa, o melhor é consultar a informação disponibilizada pela Agência Nacional Erasmus+.
Por fim, há, claro, outras bolsas, sejam promovidas por institutos públicos como as do Instituto Camões sejam de iniciativa privada como as do Banco Santander, que além de um recente guia prático de acesso ao ensino superior tem também há vários anos uma plataforma de bolsas para vários efeitos (mobilidade, investigação, etc.). São ainda de considerar contributos particulares como o da Associação Duarte Tarré que todos os anos atribui 25 bolsas a estudantes “em situação de insuficiência financeira”.
Dentro deste tópico, recorde-se também que depois de um interregno de alguns anos, a Linha de Crédito para Estudantes do Ensino Superior foi reativada em 2019. A informação relativa às condições deste crédito estão disponíveis numa página do Sistema Português de Garantia Mútua, não constando contudo da folha do produto que instituições bancárias que o oferecem neste momento.
Outra ligação que pode ajudar, por reunir informação sobre estes e outros tópicos, é a da Associação Inspirar o Futuro, uma organização juvenil sem fins lucrativos dedicada a iniciativas na área da educação que visam estudantes do ensino secundário e superior.
Artigo atualizado às 09h35 do dia 9 de julho de 2020