As Eleições Presidenciais decorrem no domingo (24), mas a pandemia tem obrigado a ajustes no método de votação. O Governo decidiu, por isso, permitir o voto ao domicílio, que decorreu na terça e quarta-feira (19 e 20) que antecedem o dia da eleição geral.

A iniciativa dirigiu-se em particular aos lares de idosos (cujos utentes vivem confinados por razões de segurança)  e a todas as pessoas que se mantém em isolamento profilático. É a forma encontrada para permitir que todos os cidadãos possam votar, mesmo sob o coninamento geral em que o país se encontra por força da pandemia de Covid-19.

Equipas da Câmara de Gaia dão resposta a um número de inscrições acima do esperado

Coube às câmaras municipais organizar a logística que tornou possível esta operação. Em Gaia, como explicou o presidente da Câmara na ação acompanhada pelo JPN, a taxa de participação “ultrapassou todas as expectativas”, envolvendo cerca de duzentos eleitores, a maioria dos quais (70%), confinados em casas particulares.

 

O plano mobilizou, no município gaiense, uma equipa de 60 elementos, entre agentes da polícia municipal, bombeiros sapadores e trabalhadores camarários. Eles foram os responsáveis por fazer circular no concelho as nove urnas móveis que permitiram a realização do voto em confinamento.

Processo é complicado, mas balanço é positivo

No Lar de S.Luís, em Gulpilhares, um dos poucos no país que ainda não teve qualquer caso de Covid-19, inscreveram-se dez eleitores. A votação decorreu sem problemas a registar, ainda que de forma morosa devido aos trâmites exigidos.

Para além de assinalar como habitualmente, com uma cruz, o candidato da sua preferência, cada eleitor teve que colocar o boletim de voto num envelope que foi posteriormente depositado na urna. No final, todos receberam um recibo comprovativo do cumprimento do seu dever cívico.

Liliana Silva, diretora técnica do lar, diz que a possibilidade de votar gerou entusiasmo nos utentes, mas que houve três pessoas que não puderam inscrever-se devido à área de recenseamento ser diferente da morada atual.

Também Paula Gomes recebeu a visita da equipa da Câmara de Gaia em sua casa. No seu caso, por estar confinada devido a um contacto de risco. O facto de trabalhar numa agência bancária expõe-na ao perigo diariamente, mas até ao momento ainda não contraiu a doença. A possibilidade de votar por esta via, diz a habitante de Gulpilhares, é “excelente”.

Nos dois casos, o contacto com os eleitores coube exclusivamente a dois elementos dos bombeiros sapadores. Foram eles que verificaram a identidade dos eleitores, entregaram e recolheram os votos, depositando-os na urna, sempre sob o olhar de observadores das candidaturas ali presentes.

Estes dois elementos utilizaram sempre um equipamento de proteção individual completo. A cada deslocação, efectuada sob proteção da polícia municipal, foi necessário proceder à troca por um equipamento novo.

Alfredo Sampaio, dos Bombeiros Sapadores de Vila Nova de Gaia, explicou ao JPN o processo.

Visões diferentes sobre o processo

O Governo decidiu, mas as autarquias é que implementaram a modalidade do voto ao domicílio. A medida não gerou consenso. O socialista Eduardo Vitor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal  de Gaia, afirma que a autarquia assume esta nova modalidade de voto como uma “missão” que “tem que correr bem”. “Estamos a começá-lo hoje, com todo o empenho”, declarou no primeiro dia de recolha.

Posição diferente tem manifestado Rui Moreira. O edil do Porto, que também participou no processo de recolha de votos ao domicílio da Invicta, criticou o Ministério da Administração Interna e a Direção-Geral da Saúde pela forma como orientaram o processo, tendo mesmo solicitado o adiamento das eleições. O repto, já afastado pelo próprio Presidente da República, não encontrou eco.

Perto de 13 mil eleitores increveram-se no voto ao domicílio ao nível nacional – 12.906 mais concretamente – sendo Lisboa (989) e Sintra (598) os municípios com mais inscritos.

Artigo editado por Filipa Silva