Manchester City e Chelsea deslocaram-se, este sábado (29), ao Estádio do Dragão, no Porto, para disputarem a oitava final da UEFA Champions League entre clubes do mesmo país. Em território azul e branco, e perante 14.110 adeptos nas bancadas, foram os “blues” a fazer a festa no final, graças a um golo solitário de Kai Havertz, marcado aos 42 minutos.

Um jogo intenso, muito físico e no qual o City mostrou grandes dificuldades em ultrapassar a teia defensiva dos londrinos. 

O Chelsea venceu a segunda Liga dos Campeões depois da vitória em 2012, na altura com três portugueses na equipa: Paulo Ferreira, Bosingwa e Raul Maireles. Rúben Dias, João Cancelo e Bernardo Silva perderam o título que podiam alcançar em Portugal. A equipa treinada por Thomas Tuchel – que o ano passado tinha perdido o troféu ao serviço do PSG – sucede ao Bayern Munique como vencedor da prova.

Primeira parte de elevada intensidade no Dragão

O avançado Sterling foi a grande novidade no Manchester City num “onze” com Rúben Dias e Bernardo Silva em campo e João Cancelo no banco, enquanto o Chelsea apresentou uma equipa sem surpresas. O pontapé de saída foi dado pela equipa de Guardiola e a primeira oportunidade de perigo foi da autoria dos citizens.

Com um passe longo bem medido, Ederson colocou a bola em Sterling, na ala esquerda, junto à grande área do Chelsea. O inglês dominou a bola com a parte de fora do pé direito, mas Rice James fez o corte na altura certa e impediu um golo precoce.

A resposta da equipa londrina foi imediata. Depois de um corte falhado de Stones, Havertz desenhou uma boa jogada do lado esquerdo do ataque, cruzou com o pé esquerdo e encontrou Timo Werner, mas o alemão falhou o remate.

Depois das duas equipas pisarem as áreas adversárias, foi o “City” a primeira equipa que voltou a causar perigo. Após arrancada de Sterling na ala esquerda, Mahrez preparava-se para receber o cruzamento do colega de equipa a poucos metros da baliza de Mendy, mas Chilwell impediu que a bola chegasse ao argelino que só teria que encostar.

O jogo mostrava uma grande intensidade parte a parte, como qualquer adepto de futebol desejava. Apesar de muitos considerarem os comandados de Pep Guardiola os candidatos ao título, o Chelsea entrou em jogo determinado a provar o contrário.

Havertz dominou a bola perante três adversários, ganhou espaço na ala esquerda, cruzou atrasado para Werner em frente à baliza, mas o alemão falhou a segunda oportunidade de perigo consecutiva, depois de um remate fácil para Ederson. Estava feito o primeiro quarto de hora.

O Manchester City procurava alcançar o primeiro título na prova, enquanto os “blues” esperavam erguer o troféu que lhes escapava há nove anos.

A defesa do Chelsea começava com o trio de ataque. Havertz, Werner e Mount eram os primeiros homens da muralha londrina através de uma forte pressão sob a defesa dos “citizens”.

Perto da meia hora de jogo, Sterling tocou curto para De Bruyne na ala esquerda. O capitão colocou a bola na área entre três jogadores do Chelsea, isolou Phil Foden na cara de Mendy, mas Rudiger foi o protagonista de mais um corte essencial. 

Thiago Silva foi a primeira substituição forçada no jogo. O central do Chelsea, que cumpriu o jogo 88 na Liga dos Campeões, foi obrigado a sair devido a um problema muscular e foi substituído por Christensen.

Ambas as equipas desenharam oportunidades de perigo, mas a falta de eficácia no último momento prevalecia. 

Na entrada dos últimos cinco minutos da primeira parte, surgiu o golo da partida. Mendy jogou a bola na esquerda e Chilwell fez um passe de primeira com a bola ainda no ar para Mason Mount.

Timo Werner foi a peça-chave da jogada londrina: o alemão fez uma diagonal para arrastar a marcação que permitiu uma grande abertura na zona central. Havertz soube aproveitar o espaço criado e, assistido por Mount que o deixou na cara de Ederson, puxou a bola para o lado esquerdo, deixa o guarda-redes para trás, e estreou-se a marcar na Liga dos Campeões.

Havertz no momento em que ultrapassou Ederson à entrada da grade área do City. Depois, só teve de encostar.  Foto: UEFA Champions League/Facebook

Noite pouco inspirada e troféu a escapar novamente

No regresso dos balneários, as duas equipas não mudaram a estrutura respetiva. Os comandados de Guardiola continuavam com dificuldades em arranjar espaço para criar perigo e a situação só se agravou com a saída forçada, desta vez do lado dos “citizens”, do capitão Kevin de Bruyne. O belga saiu com um olho negro de um duro choque com Rudiger e acabou em lágrimas no momento de abandonar o terreno de jogo.

Sterling passou a envergar a braçadeira e Gabriel Jesus foi a aposta do treinador para ir a jogo. 

O “City” mostrava dificuldades em desmontar a teia defensiva do Chelsea e só depois da saída de Bernardo Silva e Werner da partida é que a equipa de Guardiola voltou a assustar os “blues”.

Fernandinho – que substituiu o português – jogou no meio-campo para Gabriel Jesus, o brasileiro fez a tabelinha com Foden que arrancou no espaço central até à entrada da grande área e jogou à esquerda para Mahrez. O argelino cruzou para a zona de Mendy e Gundogan já se encontrava pronto para encostar mas Azpilicueta negou o golo do empate. 

Nos quinze minutos finais, Pulisic, recém-entrado na partida, podia ter aumentado a vantagem no marcador, mas o remate cruzado saiu ao lado da baliza de Ederson.

O “City” procurava o golo, mas a perda consecutiva de duelos começava a desgastar os jogadores. Os adeptos presentes no Estádio do Dragão levavam as mãos à cabeça à medida que o tempo ia passando e a bola não entrava.

Os comandados de Guardiola ocuparam o meio-campo da equipa de Tuchel na ponta final do jogo. No último minuto de compensação, um remate de pé direito do esquerdino Mahrez, à entrada da grande área, depois de um lançamento longo de Kyle Walker e de vários ressaltos na área, raspou na trave da baliza de Mendy na última oportunidade de perigo do jogo. 

Com este resultado, o Chelsea conquistou a sua segunda Liga dos Campeões. O Manchester City continua sem saber o que é vencer a prova. Apesar dos dezanove pontos de distância com que terminaram a Premier League, foi a equipa de Tuchel a levar melhor esta noite. 

Guardiola: “Dei o meu melhor”

No final do encontro, Pep Guardiola disse que a equipa teve dificuldades em quebrar as linhas do adversário na primeira parte. Na segunda parte, o desempenho da equipa foi outro, mas não suficiente, admitiu o técnico:  “estivemos melhor, mas contra uma equipa tão bem estruturada defensivamente como o Chelsea, não era fácil”.

Sobre as alterações que produziu no encontro, Guardiola defendeu-se: “dei o meu melhor”.

O treinador espanhol reconheceu problemas em lidar com as bolas longas e com as segundas bolas e considerou que “era preciso um momento de inspiração, que não surgiu”. 

Tuchel: “Queríamos voltar a ser uma pedra no sapato deles”

Tuchel venceu a UEFA Champions League exactamente 279 dias depois do seu Paris Saint-Germain ter perdido a final com o Bayern. É o segundo treinador a conseguir três vitórias seguidas sobre Guardiola, depois de Jürgen Klopp.

No final do encontro, o técnico alemão admitiu que foi um jogo duro, muito físico, mas que a equipa soube ajudar-se entre si. “Queríamos voltar a ser uma pedra no sapato deles”, admitiu. Tuchel realçou ainda que “os jogadores estavam determinados a vencer esta noite. Estávamos motivados para subir o nosso nível, sermos corajosos e criarmos perigo no contra-ataque”.

Artigo editado por Filipa Silva