O “De Volta à Praça” foi apresentado esta quarta-feira, na Casa das Artes, no Porto. Trata-se de um projeto cultural que leva espetáculos de circo, com humor e teatro à mistura, a nove concelhos do Norte do país. As autarquias, o Coliseu do Porto e o Teatro Nacional de São João juntam-se, pela primeira vez, para um projeto cultural intermunicipal, ao ar livre.

O evento decorre de 9 de julho a 19 de setembro. As cidades nortenhas abrangidas são: Arcos de Valdevez, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Cinfães, Marco de Canaveses, Mondim de Basto, Paços de Ferreira, Porto e Santo Tirso.

Vão andar em circulação três espetáculos – um do Circo do Coliseu do Porto, outro do Teatro da Palmilha Dentada e, ainda, um da companhia de teatro Erva Daninha -, bem como oficinas de circo e marionetas.

O projeto convida o público, de todas as idades, a “voltar à praça. Mónica Guerreiro, presidente do Coliseu do Porto Ageas, destacou, na apresentação do projeto, que, com os confinamentos devido à Covid-19, o público esteve “tanto tempo privado de poder ver espetáculos”, que está na altura de voltar a desfrutar deles.

As atividades do evento acontecem sempre num espaço exterior delimitado, com acesso gratuito. Contudo, a lotação está sujeita às limitações impostas pela Direção-Geral da Saúde. “Os lugares são obrigatoriamente sentados, com distanciamento de segurança”, informou Mónica Guerreiro aos jornalistas. 

A capacidade máxima de espectadores varia, mas nunca excede as mil pessoas. Logo, o público não precisa de realizar testes ao novo coronavírus para poder participar no “De Volta à Praça”.

Circo para todos os gostos

Os três espetáculos que integram a programação pretendem recuperar o imaginário do circo na memória popular, com um toque moderno e inovador. De facto, tanto o espetáculo “Rasto”, da companhia Erva Daninha, como o “Circlus”, do Teatro da Palmilha Dentada, inserem-se num formato circense contemporâneo e tomam uma posição irónica e transgressora acerca da atualidade. 

“Rasto” situa-se entre a dança e a acrobacia. No espetáculo, um trator agrícola serve como elemento cenográfico. O invulgar adereço pretende invocar a dicotomia entre corpo e máquina, bem como a ligação entre o campo e a cidade.

Já o “Circlus” é “um espetáculo pouco convencional, muito mais imediatista, de cumplicidade e de festa”, afirmou Ricardo Alves, responsável pelo texto, encenação e direção artística, na apresentação do projeto. Os atores da Palmilha Dentada vão recorrer, muitas vezes, ao improviso para contar a história de “uma família de circo antiga, que recebe um artista de novo circo”, e os confrontos que daí resultam, explica o encenador.

A performance do Circo do Coliseu do Porto consiste na recriação do seu Circo de Natal de 2020, embora não se trate exatamente do mesmo espetáculo. A presidente do Coliseu explica que muitos números circenses tiveram de ser adaptados à infraestrutura que vai alojar as atuações no espaço público. A música que acompanha o espetáculo vai ser tocada ao vivo, pela Orquestra Circo Coliseu.

Para além destas três produções, o Teatro da Palmilha Dentada vai dinamizar oficinas de circo e marionetas, em cada uma das terras visitadas. O foco principal destas atividades são as histórias e lendas locais. Os interessados vão poder não só descobrir como se constroem e manipulam marionetas, mas também aprender alguns truques de circo.

Levar a cultura além dos centros

A descentralização cultural é o propósito-chave do “De Volta à Praça”. Nuno Cardoso, diretor artístico do Teatro Nacional de São João, realçou, aos jornalistas, “a centralidade do Porto, de que muita gente não fala, mas que existe”. O evento procura, então, encurtar distâncias no acesso à cultura e preencher a agenda cultural do Norte de Portugal, para além da cidade do Porto. 

Se não fosse este tipo de projeto, Mondim de Bastos não conseguiria ter esta oferta cultural”, admitiu Nuno Laje, na apresentação da iniciativa. O vereador da Cultura da autarquia de Mondim de Bastos destacou a importância desta iniciativa para as cidades do interior, que têm “poucos recursos financeiros”.

Artigo editado por João Malheiro