A partir do próximo ano letivo, a Universidade do Porto tem na sua lista de oferta de cursos uma nova Licenciatura em Inteligência Artificial e Ciência de Dados. A formação terá uma duração de seis semestres e oferece aos estudantes uma “forte formação em Ciências de Computadores/Engenharia Informática e sólidos conhecimentos em Matemática”, como consta na página da licenciatura.

O curso surgiu de uma colaboração pioneira entre a Faculdade de Ciências (FCUP) e a Faculdade de Engenharia (FEUP) com o objetivo de garantir aos estudantes “competências nas áreas de programação, fundamentos da computação, sistemas de informação, inteligência artificial, machine learning, sistemas autónomos, robótica, processamento de língua natural, visão computacional, segurança e privacidade, matemática, estatística e otimização”.

A nível estrutural, o curso vai durar seis semestres e será constituído por 180 ECTS, sendo necessário efetuar 30 em cada semestre. Serão obrigatórios 120 ECTS em Ciência de Computadores e 42 ECTS em Matemática. Os restantes créditos estão distribuídos por unidades curriculares opcionais das áreas da Ciência de Computadores/Engenharia Informática, Matemática e Física.

Em entrevista ao JPN, Alípio Jorge, diretor da nova licenciatura, revelou que “a licenciatura, em si, não estava pensada há muito tempo. Havia uma vontade em oferecer alguma coisa nesta área, que tem crescido muito nos últimos dois, três anos, essencialmente”. “O próprio Ministério do Ensino Superior tem fomentado o aparecimento de novos ciclos na área das Ciências de Dados”, como foi reforçado no despacho sobre a fixação de vagas aprovado na semana passada.

Em comparação com outras licenciaturas em ciências de dados, o professor afirmou que esta “tem um foco diferente na Inteligência Artificial”. “Nós temos, quer na Faculdade de Ciências quer na Faculdade de Engenharia, investigadores ligados à Inteligência Artificial há muitos anos”, prosseguiu.

Questionado acerca do papel desta área, demonstrou uma preocupação face à carência de recursos humanos: “Esta área em particular, a nível mundial, tem uma carência muito grande de pessoas”. Em Portugal, em particular, “é uma área onde todos os dias surgem empresas que estão a investir. Tem uma procura grande [de pessoas qualificadas] e prevê-se uma procura crescente nos próximos anos, porque é uma área que tem um papel muito forte na economia e que vai ter ainda mais”.

A Licenciatura em Inteligência Artificial e Ciência de Dados distingue-se pelas saídas profissionais em diversos domínios: “robótica, processamento de língua natural, sistemas inteligentes, processamento de dados, desenvolvimento de softwares, interfaces inteligentes de chat bots para serviços de atendimento, administração pública, saúde, tecnologia. É uma área muito transversal”. O professor acentua ainda a necessidade atual das empresas investirem na inteligência artificial: “Todas as instituições e empresas vão precisar de alguém desta área e podem beneficiar destas competências”.

A licenciatura, cujas áreas de foco estiveram em debate esta semana na FCUP, vai arrancar com 55 vagas no próximo ano letivo. As provas de acesso possíveis são três: Matemática A; Matemática A e Física e Química ou Matemática A e Português.

Artigo editado por Filipa Silva