Em mais uma edição do dérbi da Invicta, dragões e panteras disputaram, na tarde de sábado, um encontro de sentido único, que a equipa de Sérgio Conceição dominou de início ao fim. Evanilson foi o grande destaque azul e branco, ao apontar dois dos quatro golos com que o FC Porto brindou os axadrezados.

Antes do apito inicial, destaque para o minuto de silêncio cumprido no Estádio do Dragão em homenagem a Bernardo Tengarrinha, o jovem futebolista que faleceu aos 32 anos, vítima de um linfoma. O antigo médio representou ambos os clubes.

Para este encontro, Conceição apostou no habitual sistema de 4-4-2, com o meio-campo constituído por Vitinha e Uribe, juntamente com Diaz e Otávio, a suportar a dupla de avançados: Taremi e Evanilson.

João Pedro Sousa, por sua vez, escalou o Boavista num modelo de cinco defesas, com Cannon, à direita, e Hamache, à esquerda, a oferecerem profundidade ao jogo axadrezado.

Superioridade dos dragões valeu dois golos, Hamache ainda assustou

Desde cedo se percebeu que o FC Porto iria assumir as despesas do encontro, controlando o ritmo de jogo e a posse de bola. A isso, acrescentou várias situações de perigo para a baliza de Alireza.

Foi, portanto, com alguma naturalidade que, à passagem do minuto 21, Luis Díaz colocou os dragões na frente. Após boa jogada de João Mário, o lateral cruzou de forma milimétrica para o extremo colombiano, que apareceu no centro da área a cabecear para golo.

O jogo parecia caminhar para uma vitória caseira sem sobressaltos até Hamache, lateral esquerdo francês, desferir um remate potente à baliza de Diogo Costa, não dando hipótese ao jovem guardião. Contra a corrente do jogo, as panteras chegavam à igualdade.

Porém, os homens de João Pedro Sousa não conseguiram aguentar o empate por muito tempo: aos 41 minutos, Taremi isolou Evanilson e, na cara de Alireza, o ponta de lança brasileiro não desperdiçou, levando os dragões a recolherem aos balneários com vantagem no marcador.

A vantagem dos homens da casa ainda poderia ter sido ampliada antes do intervalo, não fosse o golo anulado a Mehdi Taremi, por posição irregular.

Gestão de ritmos e a feliz estreia de Loader

Se, no primeiro tempo, se assistiu a um jogo com alta intensidade, ritmo elevado e várias oportunidades de golo, já a segunda parte foi mais pobre.

O FC Porto, impulsionado pelo bom final de primeira parte, entrou a marcar na segunda, com Evanilson a faturar, novamente, a passe do iraniano Taremi. A partida acabou por ficar resolvida a partir do 3-1.

O Boavista, embora tentasse sair, por vezes, em transições rápidas, nunca ameaçou verdadeiramente a equipa de Sérgio Conceição, que foi gerindo com relativa tranquilidade a vantagem de dois golos, também a pensar no duelo de quarta-feira em Milão, para a Liga dos Campeões.

O técnico portista mudou algumas peças, tal como o timoneiro axadrezado, mas o baixo ritmo manteve-se até ao final do encontro.

Antes do término da partida, no entanto, ainda houve tempo para uma estreia na equipa principal portista, a de Danny Loader. O jovem avançado inglês entrou aos 83 minutos para o lugar de Evanilson, e assim protagonizou um momento raro: há noventa anos que um inglês não vestia a camisola azul e branca.

A estreia do britânico foi, contudo, além do facto histórico, porque Loader ainda teve tempo para marcar, e logo de forma pouco usual.

Já passavam cinco minutos dos noventa quando, após nova jogada inspirada de Luis Díaz, o jovem britânico apareceu na área a finalizar de calcanhar, coroando a estreia no Dragão com um golo de belo efeito.

Ponto final no dérbi, com o domínio dos dragões a traduzir-se no resultado desnivelado de 4-1.

Com este triunfo, à décima jornada, os portistas sobem ao topo da Primeira Liga, em igualdade pontual com o Sporting, que também venceu este sábado. As duas equipas beneficiaram do empate em que redundou o jogo entre o Benfica e o Estoril-Praia. A equipa de Jorge Jesus está, agora, a um ponto de distância de dragões e leões.

Já o Boavista segue no oitavo posto, à condição, mantendo os 11 pontos somados até agora.

“Fomos muito competentes em todos os momentos”

No final do encontro, Sérgio Conceição mostrou-se satisfeito com o desempenho da equipa, sublinhando a exibição portista com e sem bola: “O jogo foi muito positivo. Fomos muito competentes em todos os momentos. Muita qualidade com bola e equilíbrio quando a perdíamos. Tivemos um nível muito alto e colocamos o Boavista muito desconfortável.”

Taticamente, o treinador portista destacou Taremi, elogiando a exibição do iraniano: “Explorámos bem o espaço atrás da linha média, mesmo quando ele não existia. O Taremi aproveitou bem isso. Os jogadores estão de parabéns.”

Do outro lado, João Pedro Sousa não ficou contente com o rendimento das panteras na partida, principalmente, no primeiro tempo: “Estivemos muito longe do que devíamos fazer. Nunca equilibrámos e nunca fomos competitivos. Entrámos encolhidos e assustados”, afirmou o técnico na conferência de imprensa do final.

Na visão do treinador do Boavista, a equipa podia ter feito mais quando o desequilíbrio do marcador não era ainda uma realidade: “Estava 2-1 e não era mau para o nosso rendimento. Na segunda parte, equilibrámos um pouco jogo, beneficiámos da diminuição da pressão do FC Porto. Mesmo assim perdemos por 4-1.”

Na próxima ronda, o FC Porto vai visitar os Açores, terreno onde perdeu recentemente para a Taça da Liga, para defrontar o Santa Clara, no domingo (7/11). Já o Boavista mede forças com o Famalicão, na sexta-feira (5/11), no Estádio do Bessa.

Artigo editado por Filipa Silva