Entre 6 e 8 de junho, o Batalha Centro de Cinema vai acolher os “Novos Encontros do Cinema Português”, um evento que quer estimular o debate em torno do cinema nacional. O projeto foi divulgado hoje, em conferência de imprensa, e contou com intervenções de Guilherme Blanc (diretor artístico do Batalha Centro de Cinema), Miguel Magalhães (diretor do gabinete da presidência da Fundação Calouste Gulbenkian) e Ana Carneiro (presidente do Clube Português de Cinematografia – Cineclub do Porto), que representam as entidades envolvidas.

A iniciativa vai ser aberta ao público, com entrada gratuita, e tem como base uma análise do “estado de espírito” do cinema português. Para tal, traz para a mesa quatro temas, liderados por investigadores independentes relacionados com o meio. São estes Mariana Liz (Produção), Paulo Cunha (Distribuição e Exibição), Carlos Natálio (Educação) e José Bértolo (Crítica).

Antes dos debates, será levado a cabo um trabalho de investigação com recurso a entrevistas e um inquérito direcionado para o setor – que estará disponível na plataforma online do Batalha de 20 de março a 20 de abril.

Durante os encontros, cada tema – já considerando as conclusões apuradas -, será debatido com três convidados selecionados pelos investigadores, com vista a encontrar propostas para o futuro do setor.

A apresentação foi guiada pelos representantes das entidades envolvidas – respetivamente Guilherme Blanc, do Batalha, Miguel Magalhães, da Fundação Calouste Gulbenkian e Ana Carneiro, do Cineclub do Porto. Foto: Paulo Cunha Martins/Batalha Centro de Cinema

A presidente do Cineclube do Porto avança que que a iniciativa contempla três objetivos: “chamar a atenção do público para esta nova maneira de cinema”, “provocar uma discussão geral entre realizadores, técnicos, cineclubistas, críticos sobre os problemas do setor e possíveis soluções” e “provocar o interesse da fundação Gulbenkian pelo cinema, para que [lhe] estendesse a proteção que já dava às outras artes”.

Segundo Guilherme Blanc, assinala-se, agora, “uma nova fase”. Na mesma linha, Ana Carneiro indica que este primeiro evento, organizado pelo Batalha, foi concebido “de forma a contribuir para a dignificação do cinema português”. Nesse sentido, salienta o surgimento de “novos talentos, com maneiras diferentes de fazer cinema, que encontraram diversas barreiras que pareciam não ter solução”.

A iniciativa tem como base um evento realizado em 1967 – a “Semana de Estudos sobre o Novo Cinema Português”, que se tratou de um momento fulcral para a definição de futuras políticas de financiamento da produção cinematográfica em Portugal. Na sua sequência, segundo Ana Carneiro, denotou-se o “surgimento de um novo cinema português”, a “criação da cooperativa de filmes juntamente com a fundação Gulbenkian” e a “inequívoca importância que estes encontros na altura tiveram”.

Cinquenta e cinco anos mais tarde, os problemas no setor cinematográfico são diferentes e baseiam-se “em questões de inclusividade, representatividade, de ecologia, de distribuição das horas, de financiamento”, refere. Como tal, precisam de uma nova abordagem.

Miguel Guimarães, da Fundação Calouste Gulbenkian, revela que esta não hesitou em apoiar financeiramente a iniciativa. Esta colaboração marcou “o início de um apoio consistente ao cinema português”, mas também ajudou na “internacionalização” dos mesmos filmes.

Para complementar a investigação e assegurar que é abrangente e diversa, os “Novos Encontros” contam com a colaboração de uma equipa consultiva. Será composta por 13 entidades: UNA — União Negra das Artes, APR — Associação Portuguesa Realizadores, FECA — Federação Portuguesa de Escolas de Cinema e Audiovisual, APTA — Associação Portuguesa de Técnicos de Audiovisual, MUTIM — Mulheres Trabalhadoras das Imagens em Movimento, Cineclube de Viseu, Nitrato Filmes e Cinema Trindade, Portugal Film, FILMIN, Agência da Curta Metragem, Som e a Fúria, Bando à Parte, e Pandora Cunha Telles.

O programa detalhado do evento será anunciado em maio.

Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira