Num dia marcado pelos ritmos latinos, J. Balvin foi quem mais contribuiu para o ambiente jovial e de grande energia que se fez sentir no recinto. Para além do palco principal, a reportagem do JPN também passou pelo Palco Comédia, que reuniu dezenas de pessoas.

O segundo dia (15) do festival MEO Marés Vivas ficou marcado pelo regresso aos palcos portugueses de J. Balvin, naquela que foi a segunda presença do colombiano em solo nacional, depois da estreia em 2019 no Primavera Sound. Depois de um dia dominado pelos Da Weasel, foram os ritmos latinos, proporcionados também pelo concerto de Pablo Álboran, a ditar a animação do público.

À entrada do antigo Parque de Campismo da Madalena, o espírito jovial que caracterizou o dia estava já patente no rosto dos que, sorridentes, registavam a entrada no recinto, numa foto de grupo ou selfie junto aos cartazes do festival. Entre as muitas pessoas que iam entrando, J. Balvin era o artista mais evocado, sobretudo nos grupos de jovens e amigos vestidos de padrões tropicais, prontos para assistir ao concerto do artista colombiano.

Foram muitos os fãs que guardaram pacientemente os lugares da frente, junto ao palco principal do Marés Vivas, acompanhados de bandeiras e cartazes à espera do concerto, marcado para as 23h30. A espera foi longa e incluiu cerca de meia hora de atraso, mas bastaram os primeiros sons e as primeiras luzes para o estado de euforia em que o público recebeu J. Balvin.

Mais uma noite com milhares de pessoas no festival Marés Vivas. Foto: Maria Rego

Recinto vira pista de dança com J. Balvin

O músico vestido com armadura e máscara pretas cativou a atenção da multidão que se uniu em comunhão com o artista, entoando as letras dos mais famosos hits. E logo no início do espetáculo foi percetível que este não ia ser um concerto como os demais. Ao aperceber-se de um cartaz de três fãs que pediam para subir ao palco e interpretar “La Canción”, o cantor colombiano concretizou o desejo das três jovens. Em êxtase, as três amigas tiveram a oportunidade de cantar com o ídolo.

O concerto seguiu e por entre muita luz e fumo, foram entoados temas como “In da Guetto”, “Loco Contigo”, “I like that” e “Bum Bum Tam Tam” que rapidamente transformaram o recinto numa pista de dança.

A animação era palpável. Mesmo quem não tinha o artista como principal escolha do dia, como o caso dos jovens Sandra Sousa e Diogo Cortes, de 27 e 30 anos, este foi um concerto que “dominou” e que mostrou a qualidade do artista. Já Filipa Silva confessou que foi ao festival este sábado especialmente para ver o colombiano. À saída, não podia estar mais satisfeita: foi “bestial”, disse ao JPN. A jovem de 20 anos reforça também a importância de existirem palcos para além do principal: “Acho interessante, porque assim há para todos os gostos, nunca há tempo morto e faz com que o dinheiro compense ainda mais.”

Do palco principal para o de comédia

O coreto com luzes verdes e pequenos sofás captou a curiosidade de muitos que foram aproveitando o conforto dos assentos para pausas entre concertos. Mas as imediações do Palco Comédia não serviram só para descontrair. 

Hugo Sousa foi o cabeça de cartaz do palco comédia no sábado. Foto: Maria Rego

Pelas 22h45, horário que pertenceu ao humorista Hugo Sousa, foram-se juntando muitas pessoas para assistir ao stand-up do artista. Para Rui Lázaro, de 37 anos, este palco é uma “muito boa aposta”. “Basta ver pela moldura aqui presente que de facto as pessoas estão a gostar e já estão aqui antecipadamente”, reforçou. Para o espectador, esta aposta devia ser mantida em edições futuras. Seja como for, no dia seguinte, continuaria por ali: “Amanhã, [domingo, vai estar no palco comédia] o crónico Fernando Rocha, que toda a gente gosta, e eu não fujo à regra”, confessou.

Por entre algumas interações com o público e várias piadas que aludiam ao Norte e ao espírito característico da região, Hugo Sousa conquistou a audiência que foi vendo a aumentar. Houve mesmo quem se escapasse dos concertos para poder ouvir estes espetáculos. Foi o caso de Pedro Azevedo, de 45 anos, e do filho Leonardo, de 14. “Estávamos sempre a fugir de lá [palco principal] para vir ouvir o stand-up, garantiram ao JPN. “É uma excelente ideia e tem artistas novos, artistas mais conhecidos e deviam apostar mais nisto. É excelente ter coisas variadas, para não estar tudo tão concentrado no palco principal”, concluiu. Em tom de brincadeira, Pedro Azevedo concretiza que o único problema foi mesmo o tamanho das placas penduradas no palco, que acabavam por tapar um pouco quem atuava.

Pablo Alborán conquista o coração do Marés

O concerto do artista espanhol Pablo Alborán, que antecedeu J. Balvin no palco principal, era também bastante aguardado. Vários fãs reuniram-se para o espetáculo do artista, alguns vindos de Espanha. Foi o caso do casal Yuck e Maria, que andam a percorrer vários festivais portugueses e que se confessaram expectantes para o concerto do espanhol. Ao JPN, referiram ainda que o recinto era bonito e agradável.

Por entre o silêncio do palco vazio, eis que surgem os primeiros acordes que põem automaticamente o público a aplaudir de alegria ao som da pop latina do artista.

Um concerto onde não podiam faltar os êxitos, “Amigos”, “No vaya a ser”, “Solamente Tù” e “Perdóname” que levaram os fãs ao rubro e a verdadeiras atuações dedicadas de quem sabia todas as letras.

Sentada à mesa, a Orquestra Bamba Social serve um espetáculo peculiar

Um outro palco que despertou curiosidade no recinto foi o Palco Roda de Samba, que regressou este ano depois de uma experiência bem sucedida no ano passado.

Trata-se de um palco diferente dos outros. Uma mesa coberta por uma toalha estilo pic-nic, vermelha e branca, e várias cadeiras que pertencem aos músicos luso-brasileiros que compõe o coletivo Orquestra Bamba Social. Em conjunto, a banda fez desfilar clássicos da música brasileira – com um twist de jazz, funk e hip hop – e chamou várias pessoas ao seu encontro.

Para Isabel Cabanas, de 54 anos, a atuação da Orquestra foi o ponto alto do dia. Era esta a atuação que mais queria ver: “Os instrumentos que tocam e o facto de estarem à vontade, como se estivessem em casa, capta muito o público”, disse ao JPN. 

Muita gente foi-se juntando ao concerto da Orquestra Bamba Social. Foto: Mafalda Pereira

Num dia de festival mais acalorado e onde as temperaturas estiveram a favor de uma noite agradável, houve vários elogios ao espaço: “É mais acolhedor, tem mais espaço e mesmo em termos ambientais existem vários pontos de reciclar. Está muito bem preparado”, afirma Abílio Santos que comprou passe para os três dias do festival.

Condições gerais do recinto mereceram elogios dos visitantes. Foto: Mafalda Pereira/JPN

O dia contou também com os concertos de Cláudia Pascoal e a dupla Carolina Deslandes e Bárbara Tinoco. Filipa Sousa, uma jovem de 23 anos, fez questão de deixar sobre elas uma mensagem à reportagem do JPN: “São mulheres muito necessárias no contexto da cultura portuguesa”.

O festival Marés Vivas terminou no domingo, dia 16 de julho, com as atuações de  Black Eyed Peas, The Script, Fernando Daniel e Xavier Rudd.

Editado por Filipa Silva