Um voto de recomendação feito pela Iniciativa Liberal (IL) que sugeria a realização de uma auditoria independente aos recursos municipais levou a que os deputados do PS abandonassem a reunião que acabou por ser suspensa. Deputado da IL não compreende a decisão. Paulo Martins, do PSD, refere que foram "colocados em causa os direitos democráticos". PS fala em proposta "inoportuna" e "populista".

CM Gaia

Assembleia Municipal de Gaia tem 33 elementos: 19 do PS, sete do PSD, dois do Bloco e da CDU e um do Chega, PAN e Iniciativa liberal. Foto: Wikimedia

A reunião da Assembleia Municipal de Vila Nova de Gaia de quinta-feira (22) foi interrompida após os deputados do Partido Socialista (PS) terem saído em protesto. Em causa, esteve um voto de recomendação da Iniciativa Liberal (IL) que sugeria a realização de uma auditoria independente aos recursos e e aos procedimentos municipais.

Gonçalo Pinto, o único deputado da IL, autor do voto de recomendação, não compreende a decisão dos socialista, até porque, lembra ao JPN, o próprio executivo municipal anunciou em maio uma auditoria sobre os processos urbanísticos visados pela Operação Babel. “Fui silenciado”, diz, e por esse motivo o partido estudou “em termos jurídicos” se eram legais os acontecimentos da noite de quinta-feira e pretende manter o voto de recomendação.

A recomendação foi pensada com o propósito de restaurar a “confiança” dos munícipes, que de acordo com o deputado está abalada pelos processos judiciais que envolvem autarcas do concelho. O voto da IL era o primeiro a ser apresentado na ordem dos trabalhos.

O representante da IL diz que o que aconteceu na assembleia foi um ataque à democracia: “todos os partidos têm o direito de apresentar as suas ideias, como têm de discordar das dos outros”, afirmou.

Paulo Martins, deputado do Partido Social-Democrata (PSD), também refere que o se passou na assembleia não é aceitável: “negar a possibilidade de qualquer deputado fazer uma proposta, dentro daquilo que é o regimento, dentro daquilo que é a lei, nós não concordamos”.

Perante a decisão do presidente da Assembleia Municipal, o socialista Albino Almeida, de não permitir que o deputado da IL apresentasse a sua recomendação, o deputado social-democrata fez uma interpelação ao presidente da Assembleia com o intuito de chamar a atenção para “os direitos de todos os deputados”.

“O que esteve em causa na passada assembleia foram os direitos democráticos e o exercício dos mesmos num país livre e democrático, a proposta da IL passou para segundo plano”, concluiu para enfatizar a gravidade do sucedido.

Para o líder da bancada do PS, João Paulo Silva, o voto de recomendação da IL representa para os socialistas “uma interferência direta na justiça“, visto que o texto da proposta faz referência à  Operação Babel, que levou à prisão preventiva do ex-vice presidente da Câmara de Gaia, Patrocínio Azevedo. E por mencionar também a condenação do presidente da autarquia, Eduardo Vítor Rodrigues pelo crime de peculato.

O representante do PS diz, ao JPN, que o partido não queria ser “cúmplice” de uma proposta que lhes “pareceu completamente inoportuna, sobretudo populista”. Os deputados saíram em protesto no momento em que a recomendação ia ser lida, como tinham informado a Mesa no período antes da ordem de dia, referiu ainda.

A Sessão Ordinária vai continuar na quinta-feira (29) às 21h00 no Auditório Manuel Menezes de Figueiredo, mas primeiro para esta terça-feira (27) está marcada uma reunião de líderes com as diferentes bancadas onde vai ser discutido o tema.

Editado por Filipa Silva