Apesar de não vencer o torneio da conferência de Mountain West, os Utah State Aggies, universidade onde joga o português Neemias Queta, foi uma das equipas que recebeu convite para a March Madness, defrontando na primeira ronda do torneio a Universidade de Texas Tech, esta sexta-feira, pelas 17h45.

O poste português brilhou na sua terceira época em Utah State, voltando a conquistar o prémio de Defensor do Ano em Mountain West (2018/19 e 2010/21) e foi considerado pela Bleacher Report como o melhor defensor de toda a National Collegiate Athletic Association (NCAA). Com médias de 15.1 pontos, 10.0 ressaltos e 3.2 desarmes de lançamento, “Quetão” não foi escolhido como All-American, mas recebeu uma menção honrosa por parte da Associated Press.

O jogador de 21 anos, que cresceu no Vale da Amoreira, no Barreiro, e é antigo atleta do Barreirense e do SL Benfica, tem recebido imensos elogios dos analistas de basquetebol universitário como John Gassaway e Mike Schmitz, destacando a evolução ofensiva que demonstrou em 2020/21, sobretudo no capítulo do passe, e também a capacidade defensiva e o domínio na luta das tabelas.

Sobre as melhorias ofensivas de Neemias Queta, o técnico dos “Aggies” Craig Smith diz que o poste português “adora estar no pavilhão e trabalha imenso. Melhorou muito a finalizar com ambas as mãos e está mais forte fisicamente. Com dois metros e onze centímetros, “Quetâo” mostrou, desde cedo, habilidades inatas para proteger o “pintado”, misturando capacidade atlética com a sua impressionante envergadura.

“Quetão” tem na capacidade defensiva o ponto mais forte no seu jogo. Fonte: USU Men´s Hoops/Twitter

Ao longo desta temporada, Neemias igualou alguns recordes, ao fazer oito jogos com duplo-duplo de forma consecutiva, igualando o feito na Conferência Mountain West de Kawhi Leonard, estrela da NBA e ficando somente a um do recorde estabelecido pelo poste australiano Andrew Bogut (primeira escolha no NBA Draft de 2005).

Na última década, só dois jogadores da NCAA obtiveram médias de, pelo menos, 9.5 ressaltos, 2.9 desarmes de lançamento e 1.0 roubos de bola por jogo numa temporada: Neemias Queta e Anthony Davis, atual jogador dos Los Angeles Lakers e um dos melhores jogadores de toda a NBA.

Segundo a Hoops Hype Canada, os Toronto Raptors são uma das equipas da National Basketball Association que revelam interesse em avaliar o jogador português, tendo já enviado diversos olheiros para os jogos de Utah State na época regular.

Os outros portugueses na “loucura de março”

Apesar do mediatismo atribuído a Neemias Queta e à forte possibilidade de se tornar o primeiro basquetebolista português a marcar presença na NBA, a “First Round” da March Madness conta também com a presença de outros portugueses na competição.

A Universidade de Cleveland State, onde joga o base Hugo Ferreira, venceu a Horizon League e marca presença no “certame” de março pela primeira vez nos últimos anos. Na sua segunda temporada em Cleveland State, o jovem base português não tem jogado tantos minutos como na sua época de rookie. A Universidade de Houston será o rival dos “Vikings” de Cleveland State, esta sexta-feira, pelas 23h15.

No basquetebol universitário feminino, são três as atletas portuguesas que estarão presentes na NCAA March Madness.

A Universidade de Utah Valley conta com uma das grandes esperanças do basquetebol feminino nacional, Maria Carvalho. As “Wolverines” de Utah Valley têm pela frente a Universidade de Stanford, um duelo que se prevê difícil com a uma equipa que apenas perdeu dois jogos esta temporada. A base portuguesa representava o AD Vagos antes de se mudar para os Estados Unidos.

Maria Carvalho é uma das três portuguesas presentes na Mach Madness. Fonte: Utah Valley

Beatriz Jordão e Sara Barata, que representam a Universidade de South Florida, têm pela frente a Universidade de Washington State, dia 22, pelas 01h30. Beatriz Jordão, tal como “Quetão”, está na sua terceira temporada na NCAA, ela que representava a equipa portuguesa da Quinta dos Lombos antes da sua chegada às “Bulls” de South Florida. Sara Barata, também proveniente da Quinta dos Lombos, encontra-se na sua época de estreia no basquetebol universitário.

O formato da March Madness

O torneio mais importante do basquetebol universitário apresenta um formato completamente distinto do que é habitual na modalidade. Normalmente composta por playoffs e diversos jogos para definir um vencedor, a March Madness apresenta um formato a eliminar, idêntico a competições como o Campeonato do Mundo de Futebol. Um jogo define o futuro de cada Universidade.

Após a First Four, ronda composta por oito equipas e que define as últimas quatro universidades que vão participar no torneio, a prova está programada da seguinte forma:

  • First Round – 19 e 20 de março
  • Second Round – 21 e 22 de março
  • Sweet 16 – 27 e 28 de março
  • Elite 8 – 29 e 30 de março
  • National Semifinals – 3 de abril
  • National Championship – 5 de abril

As equipas são distribuídas por quatro “grandes“ Conferências. West e East do lado esquerdo da “bracket” e South e Midwest do lado direito. No total, são 68 Universidades que participam na competição e a sua presença é definida por dois critérios distintos.

Das 68 vagas, 32 são preenchidas pelas Universidades vencedoras de cada uma das 32 “pequenas” Conferências da NCAA. As restantes são selecionadas por um comité designado pela NCAA, procurando analisar as inúmeras Universidades disponíveis para seleção, tendo em conta a dificuldade de calendário, exibições, resultados, entre outros critérios.

No dia 14 de março, a “Selection Sunday” deu a conhecer as restantes Universidades que iam participar na March Madness, entre as quais estava incluída os Utah State Aggies de Neemias Queta, que após a derrota na final da Conferência de Mountain West frente a San Diego State por 57-68, apesar da boa exibição de “Quetão” com 18 pontos, seis ressaltos e três desarmes de lançamento.

Na “Selection Monday”, dedicada ao basquetebol universitário feminino, foram as Utah Valley Wolverines de Maria Carvalho uma das escolhidas para participar na March Madness.

Com a sua primeira edição em 1939, o torneio principal da Divison I da NCAA é um dos principais eventos desportivos americanos, com audiências superiores a muitos jogos da NBA e com a loucura das “brackets”.

Na história da competição masculina, UCLA é a Universidade com mais vitórias (11), com outras Universidades histórias como Kentucky (8), North Carolina (6) e Duke (5) logo a seguir. Do lado feminino, UConn domina com 11 vitórias, sendo que a primeira edição ocorreu em 1982.

A “loucura de março” começa esta sexta-feira com a First Round (primeira ronda) e Neemias Queta é o primeiro português em ação, pelas 17h45, numa oportunidade de elevar ainda mais o seu estatuto para o NBA Draft 2021, onde pode-se tornar no primeiro português a jogar no palco principal de basquetebol no mundo.

Artigo editado por João Malheiro