Descoberta de elementos com "média a elevada corrosão" em número superior ao previsto fez com que o plano de execução de trabalhos tivesse que ser revisto, informou o Ministério das Infraestruturas. Prazo estende-se assim cerca de cinco meses para lá do previsto.

Uma das pontes mais emblemáticas do Porto está em obras desde outubro de 2021. Foto: Patrícia Garcia

A conclusão das obras de reabilitação do tabuleiro inferior da Ponte D. Luís está agora prevista para o final do primeiro trimestre de 2023, uma estimativa que ultrapassa em cerca de cinco meses o prazo inicial.

A informação foi avançada pelo Gabinete do Ministro das Infraestruturas numa resposta escrita a um requerimento sobre o tema feito pelo Grupo Parlamentar do PSD, a que o JPN teve acesso.

De acordo com o esclarecimento do Governo, o atraso decorre da descoberta, durante os trabalhos em curso na estrutura metálica da ponte, “de elementos e chapas com média a elevada corrosão”, em “número superior ao previsto”.

“Esta situação não prevista impôs um inevitável reajustamento do Projeto de Execução, incluindo plano de trabalhos à situação real apenas detetável já na fase de obra, estabelecendo-se, caso a caso, as medidas complementares ao reforço previsto inicialmente”, refere ainda a nota.

A decorrer desde 14 de outubro de 2021, a obra de reabilitação e reforço da Ponte D. Luís tinha um prazo de execução previsto de 12 meses. Agora, “a conclusão da empreitada está prevista para 31 de março de 2023”, informa o ministério liderado por Pedro Nuno Santos que adiantou ainda em que ponto se encontram os trabalhos: “Neste momento, estão em fase de conclusão os trabalhos na metade do tabuleiro do lado do Porto.”

O Governo garantiu ainda aos deputados do PSD que “o valor dos trabalhos complementares e da adjudicação, que não se encontra esgotado, são suficientes para a conclusão da empreitada, não sendo necessário abrir novo concurso público” para finalizar a operação.

Já fonte da Infraestruturas de Portugal, entidade responsável pela obra, declarou posteriormente à Agência Lusa que “apenas após a conclusão integral dos trabalhos será apurado com rigor, o valor final”.

À data do arranque das obras, o custo da operação estava orçado em 3,3 milhões de euros. Desde essa altura que o trânsito automóvel está interdito na ponte, sendo possível o atravessamento por peões, mas de forma condicionada.

O que está a ser corrigido

Os objetivos da intervenção passam por “reparar um conjunto de anomalias já identificadas, a maioria das quais relacionada com a corrosão superficial de elementos metálicos”, explicava a IP, em comunicado, no ano passado.

A empreitada incluía ainda “a substituição pontual de rebites, a retificação de chapas deformadas, a manutenção dos aparelhos de apoio, a substituição das juntas de dilatação, a reparação das portas de acesso aos encontros e a reabilitação dos serviços afetados.”

Serão ainda reforçados os banzos superiores das vigas e será substituído o piso, muito degradado.

“Com o presente projeto pretende-se também conferir à ponte e em particular ao tabuleiro inferior uma capacidade resistente compatível com as sobrecargas rodoviárias atuais, pelo que a construção de um novo tabuleiro, permitirá eliminar a limitação de circulação de veículos com peso bruto superior a 30 toneladas, passando a ser admissível a circulação de veículos com peso bruto até 60 toneladas”, informava a IP.

Construída em finais do século XIX, a Ponte D. Luís tem desde 2005 o tabuleiro superior exclusivamente dedicado à circulação do metro, sendo o tabuleiro inferior atravessado por automóveis e peões. Com o objetivo de aligeirar a carga a que o tabuleiro de baixo tem sido sujeito, os municípios do Porto e de Vila Nova de Gaia anunciaram, em 2018, a criação de uma nova ponte.

Mas a Ponte D. António Francisco dos Santos, que nascerá entre as pontes do Freixo e São João, ligando à cota baixa a zona de Quebrantões, em Gaia, e a Avenida Paiva Couceiro, no Porto, está prevista, na melhor das hipóteses, para o primeiro semestre de 2026.

O concurso internacional para a conceção e construção da ponte foi lançado em junho de 2021, tendo a autarquia revelado em dezembro do mesmo ano o nome dos sete concorrentes admitidos a concurso. O vencedor final ainda não é conhecido.

Mais adiantada, apesar de ter sido posteriormente anunciada, estará a sétima ponte prevista para atravessar o Douro, a qual servirá unicamente o Metro do Porto, numa ligação entre o Campo Alegre e as Devesas. A ponte, que ainda não tem nome, deverá ficar concluída até ao final de 2025.