A 6.ª edição do festival internacional de cinema Porto Femme decorre de 18 a 23 de abril, no Porto. Do programa fazem parte 126 filmes de 41 países, dos quais 21 são estreias internacionais e 26 estão em estreia nacional.

O evento não se limita à exibição de filmes, engloba também diversas atividades programadas para a cidade portuense, passando, pela primeira vez, pelo Batalha Cinema.

Segundo Rita Capucho, codiretora do projeto, em declarações ao JPN, a ideia do Porto Femme “surgiu de olharmos para a realidade que havia dos festivais de cinema portugueses e não haver um festival de cinema português de mulheres”. Desde a primeira edição, em 2018, “em que provavelmente não tivemos tanta presença de realizadoras nem recebemos tantos filmes”, o festival “tem tido um crescimento gradual”.

“Estamos muito felizes com estas últimas edições, onde notamos que temos mais países, e portanto, mais filmes que nos chegam de diferentes geografias e também a nível da participação das realizadoras”, comenta a codiretora do Porto Femme.

No que diz respeito ao restante do programa, Rita Capucho afirma que “desde a primeira edição que temos sempre estas atividades, desde as formações, as conversas, a exposição e as festas e os concertos”. “Tentamos que fosse um espaço para mulheres e pessoas não binárias cineastas, mas também para as outras artes”, completa.

Das competições aos momentos de conversa – a programação

A cerimónia de abertura é no dia 18 de abril, às 21h15, com a exibição da curta-metragem “Housemaid #2” de Roxanne Stam, que toca na temática da opressão do corpo das mulheres, da qual se segue o concerto de Ana Lua Caiano. A cerimónia de encerramento é a 23 de abril com a revelação dos vencedores desta edição.

As competições são um dos focos principais do Porto Femme e dividem-se em diferentes categorias: internacional, nacional, temática e estudantes. Dos filmes a serem exibidos, destaca-se, a nível nacional, a estreia mundial do filme “Palma”, de Mónica Santos, e “Pé”, de Margarida Vilas Novas. Na competição temática, os trabalhos têm como foco central “Reflexos”, para perceber “como é que as realizadoras veem a sua representação do ‘eu’ e do ‘outro’ no cinema“, explica Rita Capucho.

Durante os dias do festival vão ser realizadas duas homenagens. Uma à atriz Adelaide Teixeira, figura da cultura portuense que é recorrente nos filmes de Manuel Oliveira. A homenagem acontece a 22 de abril, pelas 21h15, no Batalha e inclui a pré-visualização do filme “O estranho caso de Adelaide”, bem como um momento de conversa com o autor Valter Hugo Mãe e a própria atriz.

A segunda homenageada é a realizadora naturalizada em Portugal, Solveig Nordlund, pelo seu contributo para o cinema português, com a exibição do filme de ficção científica “Aparelho Voador a Baixa Altitude”.

Tal como ocorrido em edições anteriores, vai ser entregue o Prémio “Lutas e Direitos das Mulheres” e, pela primeira vez, o Prémio “A Voz das Mulheres”, que pretende dar “um som bem alto a temáticas relacionadas com mulheres“. Vai ser também atribuído o Prémio “Sororidade”, para instituições que atuam no âmbito da inclusão social, à Associação Plano i.

Relativamente às oficinas, nos dias 19, 20 e 21 de abril, na universidade Fernando Pessoa, ocorre uma sessão dedicada às “Multiformas possíveis do eu no cinema”, com Maria Clara Escobar, numa tentativa de pensar as formas de autorretrato. No sábado, dia 22 de abril, a oficina “Preparar uma candidatura para concorrer a financiamentos audiovisuais”, que tem lugar na Casa das Associações do Porto, com Andreia Nunes, permite identificar qual o tipo de financiamento mais adequado para projetos.

Esta vai ser a primeira edição com exposições em dois locais diferentes. Uma das mostras acontece hoje (quarta-feira) às 18h, nos Maus Hábitos, e abrange trabalhos de videoarte, ilustração e fotografia, de 41 artistas. No dia 14 de abril, às 18h, realiza-se a segunda etapa da exposição, no Espaço Mira Artes.

Outra atividade a acontecer são as “Conversas”. Um primeiro momento, “Conversas na Universidade”, acontece na Lusófona, do dia 19 a 21, com participação dos investigadores da Flemglocal e a equipa do PortoFemme. A sessão inclui momentos de Q&A com realizadores e aborda temáticas como movimentos feministas e trans. No segundo momento, sobre “Igualdade de género no cinema e audiovisual: ficção ou realidade?”, serão discutidos os resultados do estudo sobre a condição da mulher no meio audiovisual português.

Consulte o programa completo aqui.

Artigo editado por Miguel Marques Ribeiro