Na  Póvoa de Varzim celebra-se a 24.ª edição do maior festival de literatura do país – o Correntes d’Escritas. Com arranque marcado para 14 de fevereiro e prologando-se até ao dia 18, o encontro vai passar por vários cantos da cidade. Entre eles, o Cine-Teatro Garrett, a Biblioteca e o Arquivo Municipais e o Diana Bar.

A mais recente edição do certame homenageia uma das referências da literatura nacional e portuense, Ana Luísa Amaral. A escritora e poetisa, que faleceu em agosto de 2022, foi uma entidade ligada ao festival. “Era uma das nossas”, enfatiza Luís Diamantino, vereador da cultura da Câmara Municipal da Póvoa do Varzim, em conversa com o JPN, lembrando que ela conduziu “várias conferências, todos os anos”.  

As mesas têm como tema poemas da autora. “Sei somente de mim aquilo que me sonharam”, “Porque era este lugar que eu precisava agora” ou “Espero para a posteridade do que é nada” são alguns dos versos retirados da sua obra que servirão de mote para conversas entre um vasto leque de convidados – que inclui autores, ilustradores, editores, livreiros e críticos literários. Da lista destacam-se nomes como Valter Hugo Mãe, Sérgio Godinho e Capicua.

Da programação evidencia-se o Encontro de Escritores de Expressão Ibérica, que vai contar com consagrações a personalidades da literatura da região. Além do destaque em Ana Luísa Amaral, o foco cai também em Nélida Piñon e Luís Sepúlveda.

Sobre tributos, aponta-se igualmente Manuel Rui, a quem é dedicada a 22.ª edição da Revista Correntes d’Escritas. Mais ainda, vai ser comemorado “o centenário da Agustina Bessa-Luís – “várias escritoras vão, junto à casa em que ela viveu, fazer uma residência artística em que vão escrever sobre a «Agustina e a Póvoa»”, sublinha o vereador.

Uma programação dedicada à escrita, mas que celebra a cultura

Luís Diamantino lembra que “esta edição antecede um marco muito importante”, uma vez que se aproxima a celebração de um quarto de século. Nesse espírito, o certame abre as portas a 100 escritores – 18 dos quais vêm pela primeira vez. “Temos 15 países representados“, acrescenta. 

Esta celebração da escrita é também o berço da apresentação de dezenas de livros –  trata-se, aliás, da primeira em que se vão lançar “mais de 30“, adianta o representante do município.

Além disso, a programação inclui visualização de filmes, sessões de poesia, exposições e sessões de formação. Este ano, a fita exibida no Cine-Teatro Garrett, em colaboração com o Cineclube Octopus, é o “Campo de Sangue” (2022), de João Mário Grilo.

O vereador da cultura dá, ademais, destaque à Conferência de Abertura, subordinada ao mote “Ciência e Cultura”, que vai contar com a presença de Manuel Sobrinho Simões, professor catedrático e diretor do Departamento de Patologia e Oncologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. “Penso que vai ser um tema muito interessante para ouvirmos e participarmos”, diz ao JPN. 

Sobre a adesão, Luís Diamantino não tem dúvidas que este ano vai acompanhar o ritmo das edições passadas. “Apesar da pandemia, todos os anos temos a nossa plateia cheia“, informa, sublinhando que “os 500 lugares do Cine-Teatro Garrett ficam lotados”. Aponta ainda que “o público é cada vez mais jovem“, notando que a sua presença se evidencia “da parte da noite, que é quando acabam as aulas na faculdade”. O evento conta com “um público de leitores muito fiel que vem desde Trás-os-Montes até ao Algarve, só para participar”, adiciona.

Prémios Literários

Um dos momentos significativos do evento é a atribuição de prémios literários, que será feita na Sessão de Encerramento. Abaixo, segue a lista:

  • “Casino da Póvoa”, cujo tema nesta edição é poesia, no valor de 20 mil euros.
  • “Correntes D’escritas Papelaria Locus”, dedicado a jovens, entre os 15 e os 18 anos, naturais de países de expressão portuguesa e que distingue um poema escrito em português. O prémio tem o valor de mil euros.
  • “Luís Sepúlveda”, que avalia contos infantis ilustrados inéditos – conto e ilustração –, em língua portuguesa, realizados por alunos de todo o país e de escolas portuguesas espalhadas pelo mundo, que frequentem o 4.º ano de escolaridade do 1.º Ciclo do Ensino Básico.
  • “Fundação Dr. Luís Rainha Correntes d’Escritas”, que distingue uma obra (livro), escrita em português – romance, contos ou poesia -, cuja temática seja a Póvoa de Varzim. O vencedor receberá um prémio monetário de 2 mil euros e poderá ver a sua obra publicada pela Fundação, que também vai oferecer 100 livros ao premiado.

A entrada é livre em todos os momentos que integram o festival. O programa completo está disponível no site do município da Póvoa de Varzim.

[Artigo atualizado a 13 de fevereiro às 9h37. Correção do momento de entrega de prémios, que terá lugar durante a Sessão de Encerramento.]

Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira