Inauguração de uma nova ala no museu, comemorações do centenário do Parque, exposições de Dan Graham e Alexandre Calder, retrospetiva de Straub & Huillet e regresso do "Serralves em Festa" estão entre as novidades previstas para o novo ano.

Carla Filipe, “Amanhã não há arte”, Vista de exposição, 2019. Foto: Bruno Lopes/ Fundacao EDP

Na apresentação do programa de 2023 feito esta quarta-feira (25), em Serralves, o diretor do museu, Philipe Vergne, mostrou-se otimista: “2022 foi excelente. 2023 vai ser ainda melhor”.

O objetivo é continua a trazer a Portugal “grandes nomes” da arte nacional e internacional, diz Vergne. É o caso de Dan Graham e Alexander Calder, dois artistas que marcaram o século XX e que fazem parte das propostas para o ano que agora começa.

Dan Graham faleceu recentemente, em fevereiro de 2022. Apresentado como um dos criadores “mais relevantes do nosso tempo”, o artista visual americano “foi convidado para preparar uma exposição sobre arquitetura, o que fez durante o último ano de vida”, explica Vergne.

“A Arquitetura segundo Dan Graham”, vai poder ser vista em Serralves entre outubro de 2023 e abril de 2024.

Em 2023, o museu prossegue as habituais parcerias com outras instituições internacionais. Do Centro Georges Pompidou, de Paris, chegam obras de Alexandre Calder. O escultor francês é um dos “mais influentes do século XX” e as obras que vão estar no Porto “pouco saíram desde a sua criação” do museu francês, explica Vergne.

O diretor e curador brincou com a situação: “A minha mãe não aprovaria tudo o que tive que fazer para obter este favor do presidente do centro Pompidou”.

A Balacing Line vai estar em exposição no Parque e na Casa de Serralves entre junho e dezembro de 2023.

A lista, contudo, não fica por aqui. Muitos outros artistas vão passar pelos diversos espaços expositivos existentes em Serralves: é o caso dos fotógrafos António Júlio Duarte e Dayanita Singh, da dupla porto-riquenha Allora & Calzadilla, de Kapwani Kiwanga (“uma das artistas mais destacadas da sua geração”, diz o Museu) e da portuense Carla Filipe, que apresenta uma mostra antológica.

Jazz no Parque, em Serralves. Foto: Andre Delayhe

Este grupo, junta-se ao naipe de artistas com exposições em curso no museu: Cindy Sherman, Rui Chafes, Joan Miró, Paula Rego, Rivane Neuenschwander, Vera Mota, Ryoji Ikeda e Maria Antónia Leite Siza.

No programa, está também previsto continuar a apresentação da Coleção Banco Privado Português depositada em Serralves. Uma seleção de desenhos, pinturas e esculturas de nomes destacados da arte portuguesa contemporânea é exibida entre abril e outubro.

Nova ala aumenta em 40% capacidade expositiva do museu 

Contudo, 2023 não se destaca apenas pela componente expositiva. No outono, vai ser inaugurada uma nova ala do museu, que permite expandir em “40% a área expositiva” e em “70% a área de reservas”, algo fundamental para a “atração de novas” doações, explica Ana Pinho, a Presidente do Conselho de Administração da Fundação Serralves.

Esta nova componente, desenhada por Siza Vieira, vai ficar conectada através de uma ponte ao atual edifício. Em 2023, acolhe duas exposições: “Museu-Musa”, que trata a relação de Siza Vieira com Serralves, museu que o arquiteto portuense projetou. A mostra parter do acervo doado pelo arquiteto à Fundação. Noutro piso vai estar patente “Histórias Anagramáticas”, que mostra obras retiradas da coleção de Serralves.

Num balanço de 2022, Ana Pinho destacou a entrada de 24 novos fundadores no Conselho da Fundação. Referiu ainda que o museu foi considerado o 3.º melhor da Europa pela Europe Best Destinations, a seguir ao Centro George Pompidou e à Tate Modern, sinal do seu reconhecimento a nível internacional.

Serralves em Festa está de volta depois da interrupção devido à Covid-19

Serralves é também palco de grandes eventos. Ao nível das artes performativas, o relevo vai para um ciclo dedicado a Vera Mantero, a ter lugar entre janeiro e outubro. Em setembro, nos dias 9 e 10, realiza-se a 9.ª edição de “O Museu como Performance”. Serralves continua também a acolher atividades do “Festival DDD – Dias da Dança”, previstas para abril e maio.

A grande novidade, porém, é o regresso do “Serralves em Festa”, entre os dias 02 e 04 de junho. Trata-se, diz a Fundação, do “maior evento da cultura contemporânea em Portugal e um dos maiores da Europa”, cujo programa ainda vai ser apresentado.

A festa realizou-se a última vez em 2019, sendo depois interrompida, por causa da pandemia.

Outros eventos têm continuidade em 2023: a “Festa de Outono“, o “Serralves em Luz” e “Jazz no Parque” (que caminha para a 32.ª edição). Tem também lugar a 5ª edição da “The Álvaro Siza Talks”, um ciclo de conferências sobre arquitetura.

Kapwani Kiwanga, Flowers for Africa, 2014. Foto: Cortesia da artista e da Galeria Poggi, Paris

2023 é ano do centenário do Parque de Serralves. Está prevista uma exposição comemorativa para decorrer a partir de outubro, que irá mostrar o que foi a história dos 100 anos dos jardins e bosques envolventes do museu.

Casa do Cinema Manoel Oliveira traz a Portugal retrospetiva de Straub&Huillet

A Casa do Cinema (CCMO) continua o seu desígnio de dar a conhecer a obra do mais célebre e internacional dos realizadores portugueses.

Durante os próximos meses, arranca um ciclo de exposições intitulado “Manoel Oliveira no Cinema Português”. A primeira parte, chamada “A Bem da Nação” vai tratar do período 1929-69, que corresponde à convivência da filmografia de Oliveira com o salazarismo.

António Júlio Duarte, We Can’t go home again. Empirismos, Photo España, Madrid, 2005. Módulo, Lisbon, 2004.

Entre setembro e dezembro, vai também ser possível ver, na CCMO, uma retrospetiva de Jean-Marie Straub e Danièle Huillet.

A dupla francesa de realizadores, com quem Oliveira se relacionou pessoalmente, propõe um “cinema ecológico, no sentido anarquista”, nas palavras de António Preto, diretor da CCMO. A projeção de filmes será acompanhada de conferências sobre a filmografia da dupla francesa.