O emblemático Estádio de Wembley recebeu, na noite de terça-feira, o jogo entre duas seleções candidatas ao título europeu e, também, a partida de maior destaque nas meias-finais da competição. O duelo, que se adivinhava renhido, acabou empatado a um golo no tempo regulamentar, obrigando as duas equipas a decidirem nos penáltis o seu destino. Se contra a Suíça, a Espanha levou a melhor da marca dos 11 metros, desta vez foi a Itália a mais eficaz (4-2). A equipa de Roberto Mancini garantiu assim a sua quarta presença na final de um Europeu, nove anos depois da última final.

À partida para este encontro, as duas nações encontravam motivação na história recente do campeonato. Aos italianos, animava a ideia de terem eliminado a Espanha no Europeu de 2016 nos oitavos de final. Os espanhóis prefeririam lembrar-se da categórica vitória por 4-0 que impuseram à “squadra azzurra”, com o seu “tiki-taka”, na final do Europeu de 2012.

Memórias à parte, no que ao alinhamento para o jogo diz respeito, do lado italiano, Roberto Mancini fez alinhar a sua seleção em 4-3-3, com Emerson a ser a grande novidade no lado esquerdo da defesa.

Já Luís Enrique, voltou a apostar no 4-3-3, mas com diversas mudanças no onze inicial. Eric García foi a novidade no centro da defesa. Dani Olmo e Oyarzabal foram as novas apostas no ataque espanhol.

Alta intensidade, mas tudo a zero ao intervalo

Numa primeira parte que se revelou extremamente intensa, foi a seleção italiana quem entrou melhor. Logo aos 3 minutos de jogo, Barella fugiu de marcação e enviou a bola ao poste da baliza de Unai Simon. Embora o lance tivesse sido mais tarde anulado por posição irregular do jogador italiano, ficava o primeiro aviso da “azzurra”.

A formação comandada por Roberto Mancini manteve sempre a zona de pressão muito subida, de modo a anular a construção de jogo dos espanhóis – muito suportada na defesa e no seu médio defensivo e grande distribuidor, Sergio Busquets -, obrigando quase sempre o guardião espanhol a jogar em profundidade.

Contudo, a Espanha reagiu e Pedri isolou Oyarzabal que falhou na hora da receção e perdeu aquela que foi a melhor oportunidade de golo para a “roja, na primeira metade do encontro.

Mais tarde, a seleção italiana podia ter-se adiantado no marcador, após uma saída pouco cautelosa do guardião espanhol Unai Simon. Valeu a rápida organização defensiva dos espanhóis, com Busquets a “fechar a porta” ao remate de Ciro Immobile.

O jogo manteve-se muito disputado no último quarto de hora da primeira parte, com Verrati a ser a grande figura no lado italiano e Dani Olmo a ser um autêntico polvo na formação espanhola. O médio do Leipzig marcava presença por toda a parte do terreno de jogo.

Já em cima do minuto 45, o lateral-esquerdo italiano Emerson fez tremer a baliza espanhola depois de uma jogada ensaiada com Insigne e de um remate com estrondo à barra.

Morata leva Espanha ao terceiro prolongamento consecutivo

Se na primeira parte a Itália havia entrado mais pressionante, foi a vez da Espanha inverter os papéis e iniciar a segunda metade do encontro com mais perigo. Primeiro foi Busquets que rematou por cima da baliza italiana, a passe de Oyarzabal que, mais tarde, rematou à figura do gigante Donnaruma. No mesmo lance, o guardião lançou o contra-ataque italiano que resultou num magnífico golo de Chiesa.

O companheiro de Cristiano Ronaldo na Juventus aproveitou o corte incompleto de Laporte e com o pé direito desbloqueou o nulo, levando os italianos ao delírio.

Chiesa colocou italianos em delírio. Foto: UEFA Euro 2020/Facebook

O golo obrigou a mexidas nas duas formações. Mancini lançou Berardi para o lugar de Immobile, e Luis Enrique fez entrar o avançado Morata para o lugar de Ferran Torres. A Espanha reagiu e Oyarzabal, que esteve numa noite pouco inspirada, voltou a falhar o alvo, desta vez de cabeça e após grande passe de Busquets. Mais tarde foi o recém-entrado Berardi que, numa jogada de insistência, obrigou Unai Simon a uma grande intervenção, impedindo os pupilos de Mancini de dilatarem a vantagem.

Em busca do golo que pudesse relançar a partida, Luis Enrique fez entrar Gerard Moreno e Rodri para os lugares de Oyarzabal e Koke. As alterações deram nova força à seleção espanhola e acabariam por se revelar certeiras. Com 10 minutos para o fim do tempo regulamentar, um inspirado Morata protagonizou uma grande jogada quase toda ela individual. O avançado da Juve driblou vários jogadores italianos, tabelou com Dani Olmo e com o pé esquerdo bateu Donnarumma, estabelecendo o empate que se manteve até ao fim dos 90 minutos e lançou a Espanha para o terceiro prolongamento consecutivo.

Morata devolveu a esperança aos espanhóis. Foto: UEFA Euro 2020/Facebook

Itália mais eficaz na lotaria dos penáltis

Com ambas as equipas bastante fatigadas, até foi a Itália quem revelou mais vulnerabilidade física na última meia hora de jogo. Na teoria, seriam os espanhóis a sentir mais cansaço visto que já haviam jogado dois prolongamentos, diante da Croácia e da Suíça, nos oitavos e quartos de final, respetivamente. Mas foram mesmo os homens da “roja” a estar mais perto da vantagem, através de um livre perigoso de Dani Olmo, que valeu uma grande intervenção de Gigi Donnarumma.

A resposta da “azurra” chegou na segunda parte com o golo de Berardi que acabaria por ser anulado por fora de jogo.

A ausência de golos no tempo extra, levou as duas seleções para a marcação de grandes penalidades. Locatelli ainda falhou para os italianos, mas a maior ineficácia esteve do lado espanhol, com Olmo e Morata a falharem. Na conversão da última penalidade, Jorginho mostrou frieza, ajoelhou Unai Simon e fez vibrar toda uma nação italiana com a passagem à final.

Nove anos depois, a Itália vinga a derrota no Euro2012 e volta a marcar presença numa final internacional, em busca de um título que já foge há 53 anos (venceu o Europeu de 1968).

O jogo que encerra este campeonato da Europa está marcado para domingo, dia 11 de julho, no Estádio de Wembley. “The last dance” irá opor a Itália e o vencedor da segunda meia-final, entre Inglaterra, que nunca venceu um título europeu, e a Dinamarca, campeã da edição de 1992. As duas seleções têm encontro marcado esta quarta-feira, a partir das 20h00. Os dois jogos têm transmição na Sport TV 1 e na RTP 1.

Artigo editado por Filipa Silva