Relatório trimestral deu a conhecer os primeiros resultados do projeto que arrancou a 24 de agosto, numa estrutura localizada na Pasteleira. Para além de reduzir o consumo de drogas na via pública, autoridades querem sensibilizar toxicodependentes para questões de higiene e saúde.
Foi divulgado esta segunda-feira (16), o primeiro balanço de atividade das estruturas de consumo vigiado de drogas ilícitas, no Porto, mais conhecidas como salas de consumo assistido. Numa apresentação realizada durante a reunião de executivo municipal, ficou a saber-se que, entre 24 de agosto e 30 de novembro, foram atendidos 616 utentes, a maioria dos quais homens de nacionalidade portuguesa, com idade compreendida ente os 40 e os 55 anos.
No total, as instalações situadas na Pasteleira acolheram mais de 8 mil consumos, cerca de três quartos dos quais tiveram lugar nos meses de outubro e novembro. Satisfeito com o trabalho realizado até à data, Rui Moreira admitiu mesmo, durante a reunião, que “vão ser precisas mais” estruturas como a que agora está em funcionamento.
Os partidos à esquerda foram unânimes em realçar a importância do projeto, enquanto o PSD, pela voz de Vladimiro Feliz, considerou que o “período é curto” para tirar conclusões. Carlos Nunes, presidente da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte), entidade parceira da Câmara Municipal do Porto, sublinhou que a iniciativa pretende, no imediato, reduzir a metade o número de consumos na via pública.
Em simultâneo, há uma equipa de voluntários que faz recolha de detritos nas zonas adjacentes às salas de consumo assistido. Até 30 de novembro, foram também entregues para destruição mais de 17 mil seringas pelos utilizadores do programa, refere o relatório.
O projeto arrancou, numa primeira fase, apenas para as drogas injetáveis – o consumo das drogas fumáveis só foi possível a partir do final de setembro. Mesmo assim, a grande maioria dos consumos (71%) foi feito com drogas fumáveis. As substancias mais usadas foram o speedball (mistura entre heroína e cocaína, com 51%), seguidos da cocaína, com 35%.
Embora seja promovido por CMP e ARS-Norte, o consórcio que gere a implementação do projeto abrange outras instituições como a Agência Piaget para o Desenvolvimento (entidade gestora), Associação para o Planeamento da Família, Arrimo, Cruz Vermelha e SAOM. Numa perspetiva mais estendida no tempo, estão também a ser feitas intervenções de educação para a saúde com os toxicodependentes, que envolvem sessões de grupo para sensibilização nos temas da higiene e prevenção da transmissão de doenças.
Artigo editado por Paulo Frias